segunda-feira, 21 de maio de 2012

A HISTÓRIA DO BARÃO VERMELHO

O BARÃO VOADOR
(Manfred Von Rithoffen – o Barão Vermelho)

(Dedicado a meus alunos do Nono Ano do CLC)

Fonte: www.luftwaffe39-45.historia.nom.br

(Manfred Von Richtoffen - o "Barão Vermelho")



Nascido no dia 02 de maio de 1892, em Breslau, no Império Alemão (hoje, faz parte da Polônia), Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, tornou-se o maior Às da ainda nascente aviação, durante a Primeira Guerra Mundial, e considerado também se não o maior, um dos maiores pilotos de combate de toda a história.
De origem aristocrática, o Tenente Von Risthoffen entrou para a Lufthwafe (A força aera alemã) em 1916, pilotando um Albatros DII. Foi convidado para o Grupo Aéreo JASTA II (Jagdstaffel – “Grupo de Caça”), pelo Às alemão Oswald Boelcke.
Seu primeiro combate aéreo aconteceu sobre Cambrai, na França. Em pouco tempo, já tinha dezesseis vitórias no currículo, o que lhe valeu a Medalha de Honra e a promoção para Capitão de Esquadrilha. Uma de suas vítimas, foi o Às britânico Lanoe Hawker.
Tinha o hábito de colecionar pedaços do avião iinimigo abatido, quando possível, e também de gravar um pequeno cálice de prata gravado com o tipo de avião abatido e a data. Quando morreu, em 1918, sua coleção tinha nada mais, nada menos que 80 cálices: o maior número de aviões abatidos por um piloto em toda a história da aviação.
Em 1917, já comandante do grupo de caças e reconhecido como herói nacional alemão, escreveu um livro onde narrava suas aventuras e histórias. Narrado em tom arrogante, o livro ajudou a transformá-lo num mito. Manfred adorava caçar, e deixa evidente no livro que tratava seus inimigos como “animais selvagens” a serem abatidos.
Muitas de suas lições e táticas, como a de voar contra o sol, para abordar o inimigo, e a tática de ataque em grupo, tornaram-se lendárias nos primeiros tempos da aviação de combate. Sua fama e habilidade atraíram outros grandes pilotos para sua esquadrilha, que se transformou em um verdadeiro pesadelo para os ingleses até 1917: Ernst Udet (62 vitórias), Lothar von Richthofen (40 vitórias), Kurt Wolf (33 vitórias), Karl-Emil Schäfer (30 vitórias), Carl Allmenröder (30 vitórias), Hermann Göring(22 vitórias), Hans Klein (22 vitórias), Wilhelm Reinhard (20 vitórias) e vários outros passaram pela Jasta 11
Em 1917, tomou a decisão de pintar seu novo avião, um Albatroz DIII, de vermelho. Seus companheiros, preocupados com o fato de que ele se tornaria um alvo em potencial, decidiram também pintar seus aviões. Surgiu então o apelido famoso de “Circo Voador” para a esquadrilha de Manfred, e o apelido de “Red Baron” dado pelos ingleses (Barão, por sua origem nobre, somado ao vermelho do avião). Mas, é importante lembrar, que somente pilotos que provassem seu valor em combate podiam pintar e personalizar seus aviões.

(A Esquadrilha JASTA 11, conhecida como "Circo Voador", por suas cores. Os aviões da foto são Modelo Albatroz D III)


No dia 29.04.1917, ele abateu quatro adversários e, nesse dia, recebeu um telegrama do próprio Kaiser Wilhelm II, lhe congratulando por ter ultrapassado a marca de 50 vitórias.
Ao longo dos meses de maio e junho de 1917, Richthofen esteve distan-te do front, realizando várias viagens de propaganda dentro da Alemanha e em países aliados. Encontrando-se com a realeza e membros do Alto-Comando alemão, como Hindenburg e Ludendorff, ele ainda pode desfru-tar de alguns dias de licença com seus familiares.
Quando retornou à frente de combate, várias Jastas - entre elas a 10 (de Werner Voss - 48 vitórias) e a 11 - haviam sido agrupadas no Jagdgeschwader 1 (JG 1), e eram equipadas com o Albatros D.V. No final de junho, Richthofen já somava 56 vitórias, mas sua sorte estava para sofrer um sério golpe. Em 06.07.1917, à bordo de seu Albatros D.V (número de série 4693/17), ele teve um encontro com a morte, enquanto perseguia um bombardeiro bimotor F.E.2b:
"Eu olhava para o observador, extremamente excitado atirando e minha direção. Eu calmamente o deixei atirar, já que nem o melhor dos atiradores consegue acertar algo a uma distância de 300 metros. Ninguém consegue! (...) De repente, houve um estouro em mi-nha cabeça! Eu fui atingido! Por um momento eu fi-quei completamente paralisado... a pior parte é que o impacto na cabeça tinha afetado meu nervo ótico e eu fiquei completamente cego. O avião começou a mergulhar."
Richthofen recobrou a consciência à tempo e, escolta do por dois companheiros, aterrissou em um campo próximo a Wervicq (Bélgica). Levado para o hospital St. Nicholas, lá foi operado pelo Majorgeneral do Cor-
po Médico alemão, Prof. Dr. Kraske.

"Eu tinha um respeitável buraco em minha cabeça, um ferimento de cer-ca de 10 centímetros de comprimento, no qual havia um local do tamanho de uma grande moeda, onde podia-se ver o osso claro de meu crânio. Minha cabeça dura tinha me salvo mais uma vez."

A despeito de ter tido o melhor tratamento disponível à época, o ferimen to de von Richthofen nunca cicatrizou e curou-se completamente. As ataduras e fragmentos de osso continuaram a atormentá-lo através de terríveis dores de cabeça pelo resto de seus dias. Mais uma vez ele foi enviado para casa, a fim de se recuperar. E, durante os meses de julho, agosto e setembro de 1917, efetuou poucas missões de combate.
No final de agosto de 1917, os primeiros triplanos Fokker Dr.I começa-ram a chegar ao JG 1. Embora ficasse a princípio desconfiado do peque no avião, logo Richthofen acabou se impressionando com a agilidade do novo aparelho: "ele sobe como um macaco e é tão ágil quanto o demônio".
Em sua primeira missão com o hoje famoso triplano, no dia 01.09.1917, ele alcançou a marca, até então inédita, de 60 vitórias. Pintado de ver-melho (com o leme em branco), o seu Fokker Dr. I (número de série 425/17) é, com certeza, o mais famoso avião de combate da história.

Depois de uma licença no Natal de 1917, que passou caçando com o irmão Lothar na floresta de Bialowicka, von Richthofen retomou definitivamente sua carreira de piloto de caça, mas mantendo o "espírito esportivo". Quando ele abateu o 2nd Lieutenant H. J. Sparks - sua 64ª vitória - ele enviou para o inglês hospitalizado, uma caixa de charutos.
Durante os meses de março e abril de 1918, Richthofen abateu nada menos que 17 aviões inimigos, todos à bordo de seu inconfundível Fok-ker. Sua última vitória - a 80ª - foi alcançada no dia 20.04.1918 e seu adversário, o Lieutnant D. E. Lewis também sobreviveu ao encontro, pa ra ser capturado pelas forças alemãs. À essa altura, além de seu irmão Lothar, Manfred também estava comandando seu primo Wolfram von Richthofen que, durante a II Guerra Mundial, chegaria ao posto de Gene ralfeldmarschall.
Na manhã do dia 21 de abril de 1918, o canadense Captain Roy Brown liderava uma formação de 15 Sopwith Camels, escoltando alguns aviões de reconhecimento fotográfico. Quando alguns Fokkers e Albatros mer-gulharam sobre os aviões, um gigantesco combate começou, com mais de trinta aeronaves virando, disparando e atacando umas às outras. Um Fokker vermelho posicionou-se na traseira do avião do Lieutnant Wilford May - era Richthofen. No afã de tentar abater sua presa, ele não viu quando Brown aproximou-se por trás disparando sua metralhadora.
De repente, enquanto voavam a baixa altitude próximo a Sailly-le-Sac - área controlada por tropas australianas - o avião de Richthofen simplesmente mergulhou e pousou no chão, quase sem sofrer danos. Os australianos, chegaram até o avião e encontraram Richthofen morto dentro do cockpit. Era o fim do Barão Vermelho.

(Foto do Corpo do Barão Vermelho)


Seu avião foi praticamente destruído por caçadores de lembranças e, quase imediatamente iniciou-se uma terrível polêmica, que dura até hoje, sobre quem efetivamente abateu Richthofen. Embora tenha sido creditado por essa vitória, Roy Brown nunca clamou tê-lo abati do oficialmente. Por sua vez, os australianos, afirmam que efetua-ram vários disparos do solo. Partes de seu avião podem ser vistos na Austrália e no Canadá, enquanto o motor permanece no Imperial War Museum em Londres (UK). Outras partes repousam nas mãos de colecionadores particulares e, às vezes, vêm à leilão.
Os britânicos, após confirmarem a identidade de Richthofen e efetua rem uma breve autópsia decidiram enterrar o inimigo caído com hon-ras militares. Escoltado por soldados australianos e conduzido por seis capitães da RAF, seu caixão foi baixado em uma sepultura indi vidual no cemitério de Fricourt no dia 22 de abril de 1918 - dez dias antes de seu 26º aniversário. No fim, a guarda de honra deu uma sal va de 21 tiros em sua homenagem. Fotografias foram tiradas do fune ral e, alguns dias depois, aviões britânicos as jogaram sobre a base aérea do JG 1 em Cappy, com a seguinte mensagem:
"Para o Corpo Aéreo Alemão:

Rittmeister Manfred Freiherr von Richthofen foi morto em combate aéreo em 21 de abril de 1918. Ele foi enter-rado com todas as honras militares.

Assinado: British Royal Air Force."
A morte de Richthofen foi um duro golpe para o povo ale-mão, mas sua lenda cresceu espantosamente nos anos seguintes. A liderança do JG 1 foi assumida pelo Haupt-mann Wilhelm Reinhard, que morreu pouco mais de um mês depois, em um acidente de vôo. Foi sucedido por ou tro ás, que também entraria para a história: Oberleutnant Hermann Göring.
Ele comandaria o Geschwader Richthofen até o fim da guerra, em 11.11.1918. Já seu irmão, Lothar von Richtho fen, sobreviveu ao conflito, também recebendo a Pour Le Mérite por suas 40 vitórias, mas morreu em um acidente em 1922.
Em 1925, a pressão popular e da família para que seus restos retornassem à Alemanha surtiu efeito. No dia 14.11.1925 seu corpo foi exumado e trasladado de volta à sua terra natal. Em Berlim uma carruagem transportando seus restos e escoltada por uma guarda de honra composta só por ex-pilotos ganhadores da Pour Le Mérite, o conduziu até seu descanso no Invalidenfriedhoff, o principal cemitério da capital alemã.
Seu nome serviu para batizar uma das melhores unida-des da Força Aérea nazista na II Guerra Mundial, o Jagd geschwader 2. Após a derrota do III Reich, em 1945, o monumento sobre a sua sepultura foi destruído pelos soviéticos.
Mas os alemães nunca esqueceram o maior ás da I Guerra Mundial: quando da criação da nova Bundesluft-waffe no final dos anos 50, sua primeira unidade de ca- ças foi apropriadamente chamada de JG 71 "Richthofen" cujo primeiro comandante, numa escolha acertada, foi o maior ás da II Guerra Mundial, Major Erich Hartmann.
Nos anos 70, Bolko von Richthofen - que não seguiu a carreira militar, tornando-se um bem sucedido empresá- rio - conseguiu negociar com o governo da então Alemanha Oriental para que os restos mortais de seu irmão fossem enviados para o lado ocidental onde, finalmente, encontraram seu repouso definitivo. Mas hoje em dia, passados mais de 100 anos de seu nascimento, o Rittmeister Manfred Freiherr von Richthofen ainda vive em nossa imaginação.

(Réplica do Fokker Triplano do Barão Vermelho construída nos EUA)

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