segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A CIÊNCIA E OS ANIMAIS


QUEM VAI SALVAR QUEM?




SIDARTA RIBEIRO - O Estado de S.Paulo
No vórtex contestatório que levanta pessoas em todo o planeta, eis que chega ao Brasil a ira santa contra a experimentação animal. Ativistas invadem laboratórios e retiram cães, para desespero dos cientistas que pesquisavam remédios oncológicos com esses animais. Confrontam-se argumentos. Há ética em submeter beagles adoráveis à experimentação fria? Por outro lado, será ético criar cães em apartamentos minúsculos, permitindo que desenvolvam problemas renais por baixa frequência de micção e obesidade por falta de exercício? Os ativistas acham que os cientistas são uns animais e vice-versa, como se isso fosse a maior ofensa.
O tema é forte e mobiliza paixões. São inegáveis os avanços para a saúde humana obtidos graças à experimentação animal, tais como vacinas, antibióticos, transplantes e reconstituição de órgãos. Sem a vivissecção, seria hoje impossível seguir avançando nas pesquisas sobre câncer, aids e doenças degenerativas, entre muitas outras. Mas se a pesquisa científica é patrimônio da humanidade, não há quem não se compadeça de um cãozinho melancólico.
O momento é oportuno para questionar injustiças e olhar de frente a questão dos direitos dos animais. Em perspectiva, nosso sucesso como espécie depende há milhares de anos da exploração de outras formas de vida. Nossos ancestrais nômades aprenderam a extrair de outros seres vivos seus alimentos, remédios, vestuário e serviços variados, domesticando espécies e criando novas raças a serviço do bicho homem. Não é exagero dizer que, sem tal domínio de outros seres, não haveria civilização. Portanto, o uso dos animais pela ciência nos últimos séculos, seja para compreender a biologia ou para resolver problemas práticos das pessoas, se configurou num contexto em que animais são coisas.
O problema é que não são. Animais possuem sistemas nervosos e isso cria um problema moral. Possivelmente todos os animais sentem dor e são capazes de tentar evitar sofrimento. Inúmeras espécies de vertebrados e mesmo invertebrados exibem algum tipo de cuidado parental. A consciência não é um dom exclusivamente humano, mas uma função fisiológica que, apesar de mal compreendida em seus mecanismos, ocorre sob distintas formas em muitas espécies diferentes. Levar em consideração todos esses aspectos é algo recente entre nós, homens e mulheres herdeiros de milênios de escravismo, utilitarismo e mesmo canibalismo. O passado da humanidade é prenhe de violência e brutalidade, mas também somos capazes de solidariedade e respeito ao próximo.
Por isso é fundamental lembrar que é justamente no âmbito da ciência que mais se avançou para dar aos animais tratamento condizente com sua condição sensorial e afetiva. No Brasil de algumas décadas atrás, não havia normas claras para a pesquisa experimental com modelos animais. Com a promulgação da Lei Arouca (Nº 11.794, de 8 de Outubro de 2008), passamos a dispor de uma moderna legislação para regular as Comissões de Ética no Uso de Animais (Ceuas) e o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). Hoje a pesquisa científica brasileira obedece a padrão internacional que inibe sofrimento desnecessário ou extremo, limita o número de animais utilizados e normatiza a supervisão da pesquisa com animais.
Erra o alvo quem ataca a ciência, pois essa não apenas se preocupa com o bem-estar dos animais como avança no sentido de compreendê-los. Se quisermos realmente encarar o inferno do desrespeito ao outro ser vivo, miremos corajosamente onde isso é mais gritante: os criatórios e abatedouros de gado e aves. Infelizmente ainda é comum que esses animais sejam mantidos em ambientes insalubres e superlotados, submetidos a regimes de estimulação sensorial anormal, alimentação excessiva, manipulação hormonal, mutilação, castração e pânico da morte anunciada. Tudo isso em uma escala tão colossal que não se dá ao bicho mais do que um número e um carimbo da vigilância sanitária. Se cada pessoa que come carne tivesse plena consciência de tudo isso ao ingerir o alimento, haveria tamanho consumo desse produto? O que podemos fazer para diminuir tanto sofrimento? A carne de laboratório, livre de sistema nervoso, rica cultura de tecidos muscular, conjuntivo e adiposo, já é uma realidade. No futuro próximo, tem grande probabilidade de tornar-se mais barata, saborosa e saudável que a carne do animal de criação. Quem quer picanha de laboratório?
Se quisermos realmente visitar a estação final de horrores daquilo que pulsa e empatiza, desçamos às prisões, delegacias, masmorras, escravarias e outros centros de desespero de nosso tempo. Ali onde sofre e trucida a fera humana, atrás das grades e dentro do saco plástico universal, quem vai salvar quem? Muitos dirão que esses, os humanos aprisionados e torturados, são bichos culpados que merecem o suplício. E no entanto, como ensinam o cristianismo, a psicanálise e a neurociência, aqueles são sofredores como todos nós, afetados pela genética e pelo ambiente, por vezes levados a loucuras pela necessidade das encruzilhadas. Somos todos de carne e osso e o desafio é conviver em paz. Como na canção de Gil, "não há o que perdoar. Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão".  



*SIDARTA RIBEIRO É PROFESSOR TITULAR DE NEUROCIÊNCIAS DA UFRN

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A GUERRA DO VINTÉM: "NÃO FOI SÓ PELOS 20 RÉIS"!

A guerra do vintém

Exploradas por militantes republicanos, manifestações contra taxa sobre transporte urbano tumultuam capital do Império e deixam mortos e feridos pelas ruas

José Murilo de Carvalho IN Revista de História da Biblioteca Nacional
9/9/2007


  • Charge sobre a Guerra do Vintém / FBN
    Charge sobre a Guerra do Vintém / FBN

  •  No dia 28 de dezembro de 1879, a capital do Império viu algo inédito desde 1863, quando o Brasil rompeu relações com a Inglaterra por conta da Questão Christie: a multidão protestando na rua. A manifestação aconteceu no campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em frente ao palácio imperial. Cerca de cinco mil pessoas, lideradas por um militante republicano, o médico e jornalista Lopes Trovão, reuniram-se para entregar a d. Pedro II uma petição solicitando a revogação de uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano, ou seja, bondes puxados a burro. O vintém era moeda de cobre, a de menor valor da época. A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Enquanto os manifestantes se retiravam, o imperador mandou dizer que receberia uma comissão para negociar.
  • Mas Lopes Trovão e outros militantes republicanos, buscando tirar o máximo proveito político da ação da polícia, recusaram o encontro. Divulgaram um manifesto dirigido ao soberano, convocando-o a ir ao encontro do povo. A Gazeta da Noite de Lopes Trovão e panfletos distribuídos pela cidade passaram a pregar o boicote da taxa e a incitar a população a reagir com violência, arrancando os trilhos dos bondes. Outra manifestação foi convocada para o dia 1º de janeiro, data da entrada em vigor da taxa, agora no centro da cidade, no Largo do Paço, hoje Praça 15 de Novembro.
    Nesse dia, a taxa estava sendo paga até que, ao meio dia, a multidão se reuniu no local previsto. Percebendo talvez a enrascada em que se metera, Lopes Trovão não incitou a multidão à ação. A massa moveu-se, então, pelas ruas do centro aplaudindo as redações dos jornais de oposição e se dirigiu ao Largo de São Francisco, ponto final de várias linhas de bonde. Em frente ao prédio da Gazeta da Noite, o próprio Trovão fez um apelo aos manifestantes para que se dispersassem. Mas àquela altura ele já perdera o controle dos acontecimentos. A massa popular concentrou-se nos arredores da Rua Uruguaiana e do Largo de São Francisco. O delegado que comandava as tropas da polícia pediu reforços ao Exército, mas, antes que a ajuda chegasse, ordenou à polícia que dispersasse a multidão a cacetadas.
    A um grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes começaram a espancar condutores, esfaquear mulas, virar bondes e arrancar trilhos ao longo da rua Uruguaiana. Dois pelotões do Exército ocuparam o Largo de S. Francisco, postando-se parte da tropa em frente à Escola Politécnica, atual prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. O povo, que só detestava a polícia, aplaudiu a tropa. Mas alguns mais exaltados passaram a arrancar paralelepípedos e atirá-los contra os soldados. Por infelicidade, um deles atingiu justo o comandante da tropa, tenente-coronel Antônio Enéias Gustavo Galvão, primo de Deodoro da Fonseca, militar que uma década depois se tornaria o primeiro presidente do Brasil. O oficial descontrolou-se e ordenou fogo contra a multidão.
    As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Falou-se em 15 a 20 feridos e em três a dez mortos. Entre os últimos, estavam estrangeiros e o flautista Loló, condutor da Cia. de São Cristóvão, atingido por uma pedrada. A multidão dispersou-se e, salvo pequenos distúrbios nos três dias seguintes, estava findo o motim do vintém. A cobrança da taxa passou a ser quase aleatória. As próprias companhias de bondes pediam ao governo que a revogasse. Desmoralizado, o ministério caiu a 28 de março. O novo ministério revogou o desastrado tributo.
    A capital do Império estava acostumada a distúrbios de rua. Vivera em quase permanente agitação entre 1820 e 1840. Nessa última data, o povo exigiu na rua a maioridade do imperador. A partir daí, no entanto, refletindo a estabilização política do Segundo Reinado, reduzira-se muito a agitação. A tranqüilidade das ruas só fora quebrada nos protestos contra Christie, quando a multidão, liderada por Teófilo Otoni, ameaçou comerciantes ingleses e aplaudiu a ação do imperador. O que a trouxe de volta em 1879?
    Em 1878, depois de 10 anos de domínio conservador, subira ao poder o gabinete liberal de Sinimbu, encarregado de fazer a reforma eleitoral. Dividido por conflitos internos, desagradou a gregos e troianos. Os republicanos estavam furiosos com Lafaiete Rodrigues Pereira, ministro da Justiça, que assinara o Manifesto Republicano de 1870, e agora se bandeava para o campo liberal. A principal fonte de insatisfação, no entanto, vinha da política fiscal do ministro da Fazenda, Afonso Celso de Assis Figueiredo, futuro visconde de Ouro Preto, que tinha fama de excelente administrador e financista. Para enfrentar as dificuldades financeiras geradas pelos enormes gastos com a grande seca de 1877 no norte do país, propôs ele no projeto de lei orçamentária de 1879, aprovado pela Câmara, vários aumentos de impostos antigos e a introdução de alguns novos. Atingiu o bolso de todos, proprietários de escravos, aspirantes a títulos nobiliárquicos, fumantes, amantes do vinho, comerciantes e simples cidadãos. As medidas mais irritantes foram o novo imposto sobre vencimentos dos funcionários públicos, o antepassado do imposto de renda, e a taxa de um vintém sobre o valor das passagens no transporte urbano.
    O novo imposto e a taxa atingiram diretamente duas categorias, os funcionários públicos e os usuários de bondes. Em 1870, a capital tinha 192 mil habitantes na área urbana, dos quais 11 mil funcionários públicos, entre civis, militares e eclesiásticos, já que naquela época o catolicismo era a religião oficial do Estado. Havia quatro grandes companhias de ferro-carris urbanos, ou de bondes, como ficaram conhecidos: a Botanical Garden Co., que cobria a zona sul, saindo da rua Gonçalves Dias, a Cia. de São Cristóvão, concentrada na zona norte, com ponto final no Largo de São Francisco,  a Ferro-carril de Vila Isabel, que partia da Praça Tiradentes, e a Cia. de Carris Urbanos, que atendia ao centro, incluindo a zona portuária.
    O bonde era um transporte de massa. Cada carro, puxado por animais sobre trilhos, transportava 30 passageiros. Só as três primeiras companhias acima listadas transportaram em 1879 mais de 20 milhões de passageiros. É óbvio que a taxa do vintém jogava muita gente contra o governo, sobretudo contra o Afonso Vintém, como ficou conhecido o ministro da Fazenda. Para atingi-los, foram atacadas no dia primeiro as companhias de bondes, com exceção da Botanical Garden, de propriedade norte-americana, que se prontificou a pagar ela mesma a taxa.  
    Desse clima de insatisfação, tiraram vantagem os agitadores republicanos. Ao que parece, na demonstração de São Cristóvão estavam presentes, sobretudo, pessoas de melhor situação social, certamente muitos funcionários públicos. Na do dia 1º, teria entrado em ação a massa dos usuários mais pobres, acrescida da tropa barra-pesada do centro e da zona portuária. Não por acaso, os líderes do movimento perderam o controle da multidão nesse dia. 
    Embora legal, a taxa do vintém era profundamente impolítica, como se dizia na época. O ministro fora alertado para as possíveis reações. Mas Afonso Celso era tão competente quanto teimoso. Pagou por isso alto preço em 1880, como pagaria em 1889, por ocasião da proclamação da República. A reação da polícia foi infeliz em 28 de dezembro, ao não negociar a audiência com o imperador, e imprudente em 1º de janeiro. A do Exército, simplesmente desastrada.
    Os acontecimentos chocaram o Imperador. Em cartas à condessa de Barral e ao conde de Gobineau, afirmou que em 40 anos de reinado nunca tinha sido usada a força contra o povo da capital do Império. Não lhe escapou mesmo a conotação republicana dos incitadores do motim. Afirmou à condessa que seria mais feliz como presidente de uma república.
    Mas a revolta não foi republicana, afirmaram seus próprios líderes. Muitos interesses feridos nela se fundiram, de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples cidadãos. Uma grande explosão social, detonada por um pobre vintém.
    José Murilo de Carvalho é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membro da Academia Brasileira de Letras, do IHGB e da Academia Brasileira de Ciências e autor de D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.

ANÁLISE DE PROVA E PREVISÕES PARA O ENEM 2013




ANÁLISE E PREVISÕES PARA O ENEM
(2010 - 2013)

Analisando as provas do Enem dos últimos 03 anos, podemos perceber algumas coisas interessantes. A primeira é que se vê consolidada a tentativa de distribuir o número de questões de história por todo o conteúdo.
Questões sobre Brasil Colônia e Brasil Império sempre compõem um assunto intermediário, especialmente trazendo temas como escravidão, religiosidade, política indigenista.
Mesmo assim, é fácil perceber que a prova sempre tem um “centro”, um foco: em 2010 esse foco foi Brasil República, em especial República Velha; em 2011 foi novamente Brasil República, com 8 questões no total, concentradas do Período 46-64 à “Nova República”, e em 2012 foi uma prova Contemporânea – tanto para Brasil quanto para Geral
Nos últimos três anos, tivemos questões de história geral, com pouca atenção para história antiga e história medieval, mas com frequência para questões de história moderna, especialmente relacionadas com absolutismo e, em 2012, por exemplo, com predominância para questões bem contemporâneas. Interessante, neste sentido, perceber também a presença de temas recorrentes, como Revoluções Burguesas e Iluminismo; Revolução Industrial e reorganização do trabalho, que aparecem em todas as últimas três provas.
Considerando essas observações, e considerando também o contexto histórico que vivemos em 2012-2013, podemos esperar que a tendência a uma prova mais Contemporânea, tanto em história geral como em história do Brasil, permaneçam.
Podemos prever questões relacionadas com o Oriente Médio, tanto para os episódios no Egito quanto na Síria, considerados a partir da perspectiva dos levantes populares relacionados com as novas mídias, especialmente as “redes sociais”.
Uma questão sobre história da América focada no Golpe do Chile, em 1973, também é bastante esperada.
Para o Brasil, podemos esperar questões ligadas a movimentos sociais, fazendo um link com o que fizemos neste ano. Neste sentido, destacamos: a Campanha do Petróleo é Nosso e seus desdobramentos, com a criação da Petrobrás.
Apostaríamos também nos movimentos que antecederam o Golpe Militar de 1964, e chamo a atenção para esse período (Período Militar - 64-85), considerando as atividades da “Comissão da Verdade” que levantaram tantas discussões e notícias ao longo do ano.
Da mesma forma, fim do Período Militar e a recosntrução institucional do país, com a Constituição de 1988, certamente representam um ponto extremamente importante.

Algumas questões relacionadas a estes assunto para que vocês possam se exercitar e perceber como podem ser cobrados:

01. A eleição de Salvador Allende em 1970 no Chile constitui-se num acontecimento específico atípico no panorama geral da América Latina.
Sua política de governo se caracterizou por ser:
    a) nacionalista, com exclusão de membros da Guarda Nacional – bastião de poder no governo anterior.
    b) liberal, com livre importação de produtos manufaturados.
    c) isolacionista no contexto continental, com pressões militares e econômicas por parte dos Estados Unidos.
    d) democrática, com amplo respaldo popular e de grupos esquerdistas cristãos.
    e) reformista, com privatizações dos bancos estatais e manutenção da reforma agrária iniciada anteriormente.
02.Os protestos nessa revolução iniciaram-se em janeiro de 2011, com o objetivo de derrubar o então ditador Hosni Mubarak, o que foi concretizado em menos de um mês. Os rebeldes foram profundamente influenciados por outra revolução realizada em um país próximo, que derrubou o então ditadorZine El Abidini Ben Ali, que se encontrava há 24 anos no poder.
As revoluções a que o texto se refere são, respectivamente:
a) Revolução dos Clérigos, em Bangladesh, e a Revolução dos Trópicos, na China.
b) Revolução de Independência da Bósnia e a Revolta Militar Sérvia.
c) Revolução de Lótus, no Egito, e Revolução de Jasmim, na Tunísia.
    d) Revolução da Síria e Revolução Iraniana.


03.Relacione as colunas, ligando os ditadores que foram alvos das revoluções da Primavera Árabe aos seus respectivos países.
(1) Muammar Kadhafi.
(2) Hosni Mubarak
(3) Ali Abdullah Saleh
(4) Bashar al-Assad
(5) Zine El Abidini Ben Ali.
(  ) Iêmen
(  ) Tunísia
(  ) Líbia
(  ) Egito
(  ) Síria


Resposta: 3,5,1,2, 4


04. "Primavera Árabe" precisa ser aposentada
Eu acho que agora é oficial: a "Primavera Árabe" precisa ser aposentada. Não tem nada de primaveril acontecendo por lá. O mais amplo, mas ainda vagamente esperançoso, "Despertar Árabe" também já não parece válido, considerando-se tudo o que já foi despertado. E, por isso, o estrategista Anthony Cordesman provavelmente está certo quando afirma que atualmente é melhor falar da "Década Árabe" ou do "Quarto de Século Árabe" – um longo período de instabilidade intranacional e intrarregional, durante o qual a luta tanto pelo futuro do Islã quanto pelo futuro de cada país árabe se misturou em um "choque dentro de uma civilização" [...].
FRIEDMAN, Thomas L. "Primavera Árabe" precisa ser aposentada. Uol Notícias, 13/04/2013. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/thomas-friedman/2013/04/13/primavera-arabe-precisa-ser-aposentada.htm
De acordo com a leitura do texto e com os seus conhecimentos sobre o que se denominou por “Primavera Árabe”, assinale a alternativa incorreta:
a) O autor defende a ideia de que a expressão “Primavera Árabe” não é suficiente para designar as sucessivas revoltas populares no Oriente Médio em razão do caráter duradouro desses movimentos, que se estendem por mais tempo do que uma simples estação do ano.
b) A escolha do autor pela expressão “Década Árabe” se deve ao fato de as revoluções da Primavera Árabe já terem completado dez anos de existência.
c) Ao contrário do que ocorre na Tunísia e no Egito, as revoluções na Líbia e na Síria caracterizam-se pelo confronto militar entre tropas leais aos regimes e os povos rebeldes.
d) Nem todas as revoluções da Primavera Árabe desejam a deposição dos governantes, a exemplo da população do Marrocos, que defende apenas a diminuição dos plenos poderes do Rei Mohammed VI.
e) Percebe-se no texto que o autor preconiza a ideia de que a duração das sucessivas revoluções árabes pode ser maior do que a comunidade internacional imaginava.


05.
A disputa pela redistribuição dos royalties do petróleo entre estados e municípios brasileiros se acirrou no final de 2012, em função de novas regras para o setor votadas no Congresso Nacional.
Essa disputa decorre diretamente da característica político-econômica do país indicada em:
(A) controle da União sobre a regulação do acesso às riquezas hidrominerais
(B) dependência de capitais estrangeiros no fornecimento de matérias-primas
(C) monopólio da legislação federal sobre os insumos para a indústria de base
(D) adequação dos padrões tecnológicos na preservação dos recursos ambientais


O segundo Governo Vargas (1951-1954) caracterizou-se por forte orientação nacionalista. Entre as iniciativas que marcaram esse período, destaca-se a criação da Petróleo Brasileiro S.A., a Petrobras, mediante a Lei n. 2.004, aprovada pelo Congresso em 3 de outubro de 1953. É CORRETO afirmar que essa Lei
a) deu origem à campanha "O petróleo é nosso", o que reforçou o sentimento nacionalista entre os brasileiros e fez crescer o apoio a Vargas.
b) foi o estopim da crise política que levou ao suicídio de Vargas, pois a Lei deixou a distribuição do petróleo nas mãos de empresas estrangeiras.
c) motivou a crítica, por parte do escritor paulista Monteiro Lobato, à criação da empresa estatal de petróleo.
d) teve como eixo a imposição do monopólio estatal sobre a produção de petróleo, considerado condição necessária para a soberania nacional.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ANÁLISE E ESTATÍSTICAS SOBRE A PROVA DE HISTÓRIA DO ENEM 2012 - CONHECENDO O TERRENO DA BATALHA

ANÁLISE DA PROVA DE HISTÓRIA DO ENEM 2013


Analisando a prova de história do ENEM 2012, pudemos observar a consolidação de algumas tendências:

  1. Prova está mais conteudista: A prova de História do ENEM 2012 exigiu conhecimento do conteúdo. Isto significa que, em algumas questões, não bastaria ao aluno interpretar o texto, ele teve que incorporar conhecimentos acumulados. Sem ele o aluno teria dificuldade para apresentar suas competências e habilidades.
  2. Prova com grande insidência de Análise Iconográfica: muitas questões exploraram em a análise de imagens. Na questão com a imagem do Capitão América bastava o aluno identificar Hitler tomando um soco do primeiro vingador e tudo estava resolvido, mas, na questão sobre o Império Romano, era necessário ir além da imagem e saber características históricas dessa sociedade. No caso, o expansionismo.
  3. Pontes ou Inferências Históricas. Como já é de praxe, a prova de História explorou as conexões entre o passado e o presente,ou seja, a habilidade do aluno em perceber mudanças e permanências, rupturas e continuidades. A questão sobre a Crise de 1929 e a Crise do Mercado Imobiliário de 2008 cobrava especificamente essa habilidade.
  4. Interpretação de Textos ou Competência Leitora: Também como característica consolidada do Enem, em todas as áreas, mas, especialmente na área de humanas, onde esse competência é fundamental, a prova exigiu dos alunos ler e interpretar textos, sendo que, em algumas questões, encontramos textos complexos que exigiam também bom vocabulário.Candidatos que tinham a competência de interpretar textos históricos não tiveram maiores problemas. É, portanto, para o candidato, um diferencial importante a competência leitora e um vocabulário mais extenso.
  5. Prova conceitual: Analisando o conjunto do exame de Ciências Humanas e suas Tecnologias do ENEM 2012, e especialmente as questões de história, percebe-se facilmente que esta foi uma prova muito conceitual. os conceitos apareceram em larga escala na prova inteira: Democracia, autoritarismo, esclarecimento, parlamentarismo, absolutismo, humanismo, entre outros, foram abundantes na prova. Importante portanto ressaltar que conhecer os conceitos da história é outro diferencial. Caso tenha dúvidas nesses conceitos, procure seu professor nos próximos dias e peça ajuda. Alunos que estão fazendo superintensivos ou resoluções de questões, muita atenção para isso. Muitos dos conceitos citados acima são absolutamente frequentes no ENEM.

A SEGUIR, ALGUMAS ESTATÍSTICAS DA PROVA DE 2012:



Atenção para a Competência 3: pelo segundo ano consecutivo, foi a mais cobrada:












Gráficos: História Digital

domingo, 13 de outubro de 2013

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

TQA - ESCOLA EDUCAÇÃO CRIATIVA

EQUIPE COM AMPLA EXPERIÊNCIA

CARGA HORÁRIA DIFERENCIADA

HORÁRIOS OTIMIZADOS

ATENDIMENTO COM OS PRÓPRIOS PROFESSORES. 

PREPARAÇÃO PARA FUVEST, UNICAMP, UERJ, PISM E UFES.

domingo, 6 de outubro de 2013

UMA REVOLUÇÃO EM CURSO: GÁS DE XISTO NOS EUA. VANTAGENS E DESVANTAGENS

Exploração de gás de xisto nos Estados Unidos inicia revolução energética

Exportação a preços competitivos deve mudar cenário global de energia




Em apenas quatro anos, a exploração de gás de xisto nos Estados Unidos iniciou uma revolução energética capaz de alterar o cenário econômico do país. A atração de investimentos produtivos, antes vista como impossível, tornou-se inevitável, assim como a autossuficiência em fontes de energia. Com ou sem cota - tema polêmico e ainda não definido -, os EUA estarão em poucos anos exportando gás natural em volume suficiente para mudar o panorama mundial.

A reserva americana de gás de xisto é estimada em 2,7 trilhões de metros cúbicos, nos cálculos da Administração de Informação sobre Energia (EIA) de dezembro de 2010. É suficiente para abastecer o mercado por mais de 100 anos. Mas pode ser maior. A extração começou há poucos anos, está em constante avanço tecnológico e contribuiu para a produção de 27,4 quatrilhões de BTUs (British Thermal Unit, unidade de energia para medir quantidades de gás) no ano passado.

Tamanha oferta de gás de xisto, a custos relativamente baixos de produção, permite a venda do gás natural americano a US$ 4 por milhão de BTUs - o menor preço do mercado mundial. Em 2020, serão 31,3 quatrilhões de BTUs - 14% mais, nas previsões da EIA. Atualmente, essa nova fonte responde por 34% do total de gás natural extraído no país.

O McKinsey Global Institute inclui o gás de xisto entre os cinco setores capazes de mudar a economia americana. Entre 2007 e 2012, essa extração aumentou, em média, 50% ao ano. A consultoria estima que, até 2020, o gás vai adicionar de 2% a 4% ao Produto Interno Bruto (PIB) anual dos EUA - algo entre US$ 380 bilhões e US$ 690 bilhões - e gerar 1,7 milhão de empregos diretos, especialmente para trabalhadores com nível superior de escolaridade.

O setor vai trazer consigo potencial para revitalizar o setor energético, atrair investimento de indústrias intensivas em energia e impulsionar a economia. Entre US$ 55 bilhões e US$ 85 bilhões deverão ser adicionados ao PIB industrial americano até 2020, em investimentos de companhias petroquímicas, de fertilizantes, siderúrgicas, de vidro e outras. Espera-se o renascimento da indústria manufatureira do país.

No PIB do conjunto dos setores de construção, transportes, serviços e comércio, entre US$ 210 bilhões e US$ 380 bilhões serão agregados. Mais US$ 1,4 trilhão deverá ser investido em curto prazo em infraestrutura e gasodutos, com geração de 1,6 milhão de postos temporários de trabalho. Esse boom deverá se estender por quase todo o país, dado o fato de as 48 reservas de gás de xisto estarem em 28 Estados americanos. Desse conjunto, 26 reservas estão em exploração. Somente na formação geológica de Marcellus, que abrange a Pensilvânia, Nova York, Ohio e Virgínia Ocidental, há de 5 mil a 6 mil poços em operação.

"Nos últimos cinco anos de recessão, essa foi a atividade que salvou vários Estados", afirmou Christopher Guith, vice-presidente do Institute for 21st Century Energy, da US Chamber of Commerce. "O gás de xisto vai mudar o panorama mundial, assim como a Apple e a Microsoft estão fazendo nos últimos anos, porque vai tocar em toda a economia e na vida das pessoas", disse. "O que queremos é fazer com que essa mudança se torne ainda mais positiva", completou Guith.

As entidades de empresas produtoras de gás de xisto ambicionam deslocar o carvão como fonte - altamente poluidora - de energia elétrica no país. Hoje, 50% da eletricidade é gerada em térmicas a carvão. Mas o lobby político desse setor no Congresso não permitirá a fácil conquista desse mercado. O gás de xisto já vem substituindo o diesel em ônibus e caminhões, apesar de poucos postos terem o combustível.

O preço atual de venda de gás natural, de US$ 4 por milhão de BTUs, é imbatível. A Rússia escoa gás natural para a Alemanha a US$ 11,36. Na Indonésia, custa US$ 17,72. No Brasil, cerca de US$ 18. Os produtores estimam que, ao atingir um volume substancial, o preço rondará US$ 6 por milhão de BTU em dez anos. A Europa, atual consumidora de carvão americano, está ansiosa por essa fonte limpa e barata. O Japão, especialmente depois da tragédia de Fukujima, está ainda mais desejoso.

Há muito a ser feito antes da corrida aos mercados externos. Cinco projetos de instalação de usinas para transformar o gás em GNL estão em estudos. Dos quatro terminais portuários de gás na Costa Leste, todos voltados à importação, três deles estão fechados. O de Boston opera, mas precisa ser convertido para a exportação. Há apenas um terminal de exportação em funcionamento no país, no Alasca, que escoa volume limitado de gás para o Japão. O gargalo físico é um desafio. Mas não tão difícil de ser superado quanto a resistência do governo Barack Obama.

A Casa Branca é reconhecida como adversária pelos setores de energia fóssil dos EUA. Mesmo assim, os produtores acreditam ser possível dobrá-la com um argumento sensível: o potencial de geração de empregos. Segundo David Wochner, especialista da consultoria K&L Gates, o governo americano está neste momento preocupado em adequar oferta e preço, no mercado interno, antes de facilitar a exportação. Não quer se ver diante do risco de escalada do preço do gás no país. Sem a dimensão mais precisa das reservas, a equação pode demorar a surgir.

Novo mercado preocupa empresas brasileiras



A produção de gás de xisto nos Estados Unidos e seu baixo preço de venda deixou em suspenso projetos de companhias brasileiras. Para a Coalizão das Indústrias Brasileiras (BIC, na sigla em inglês), a possibilidade de fuga de investimentos produtivos do Brasil para os EUA é tão real quanto o risco de o etanol ser substituído pelo gás natural como combustível de transição.

A Odebrecht avalia os riscos na construção de hidrelétricas na América Central. Empresas comercializadoras estudam a lógica desse novo mercado, cientes dos riscos aos negócios em curso, e geradoras de energia temem a repetição, no Brasil, dos erros e da desorganização inicial da produção nos EUA. O País têm reservas estimadas em 6,9 trilhões de metros cúbicos, em especial no Vale do Rio São Francisco, onde mais de 30 poços estão sendo pesquisados.

"O gás de xisto está revolucionando o mercado de energia e a produção nos Estados Unidos, com reflexos sérios para o Brasil", diz Célia Feldpausch, diretora executiva da BIC, e organizadora de duas missões de executivos brasileiros, em Pittsburgh, sobre o gás de xisto.

Khary Cauthen, diretor do Instituto Americano do Petróleo (API), lembra que o etanol era uma "vaca sagrada" nos EUA há dez anos. O setor produtor teve seus créditos tributários facilmente derrubados no ano passado pelo Congresso, antes defensor arraigado desses subsídios. O álcool tende a ser substituído pelo gás natural na mistura obrigatória à gasolina, em longo prazo.

No Brasil, dois leilões de áreas de gás natural estão programados para outubro e novembro. A Petrobrás monopoliza o transporte e a comercialização. O mercado aberto impera nos EUA desde a exploração - os locais são alugados pelo proprietário da terra - até a venda aos setores usuários do gás natural. A rede de gasodutos tem 38 mil quilômetros.