quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A MÍDIA ESTÁ CHEIA DE ANTISSEMITISMO E ÓDIO POR ISRAEL

ATIVISTA PALESTINO DE DIREITOS HUMANOS: “A MÍDIA ESTÁ CHEIA DE ANTISSEMITISMO E ÓDIO POR ISRAEL”


Publicado originalmente em: The Algemeiner E-paper.

Um proeminente ativista de direitos humanos palestino lamentou nesta segunda-feira à noite o que ele chamou de um tratamento injusto da mídia ao Estado judeu.
Em um ato pró-Israel oferecido pelo grupo de defesa StandWithUs em New York, Bassem Eid, um hierosolimita (nascido em Jerusalém), disse a imprensa está  “cheia de antissemitismo” e “ódio”, está “muito mais interessada em lutar contra Israel” do que descobrir a verdade. Então, ele acrescentou: “Vamos [palestinos] dizer ao mundo o que realmente estamos sofrendo.”
Eid, um ex-diretor Grupo de Acompanhamento dos Direitos Humanos Palestinos (PHRMG), disse que os palestinos estão “fartos e sem esperança”, e perderam a confiança na Autoridade Palestina (AP). Enquanto isso, afirmou ele, Israel é “o lugar mais seguro” para os palestinos no Oriente Médio.
Ele continuou: “Quando os árabes israelenses se queixam Israel, digo-lhes: ‘Então se mudem para a Síria, vão para o Iêmen …’ E eles podem, mas vai ser pior para eles lá.” Ele também citou uma recente pesquisa realizada pela Instituto Washington para Política do Oriente Próximo que revelou que uma maioria de árabes de Jerusalém Oriental prefere viver sob domínio israelense do que de palestinos.
Falando sobre a atual onda de terrorismo varrendo Israel, Eid disse: “Quando eu assisto TV e vejo um jovem palestino –  de 13, 14 ou 15 anos de idade – segurando uma faca na mão, correndo na rua e querendo esfaquear e matar, eu penso que é a coisa mais bárbara que eu já vi. Esfaquear judeus vai resolver meus problemas? Matar um judeu vai resolver meus problemas? Olhe para o Hamas – nos últimos nove anos eles estão atirando foguetes. O que nós, como palestinos, alcançamos? Sejamos um pouco realista. ”
Ele continuou: “Eu [como um palestino] não quero ser mais uma vítima … Eu quero ser considerado como um ser humano que tem o controle total do meu próprio futuro e o futuro dos meus filhos.”
Eid também afirmou que Jerusalém se tornou uma “vítima” de vários movimentos políticos palestinos concorrentes, incluindo a Fatah, o Hamas e até mesmo movimentos islâmicos dentro de Israel, que, segundo ele, estão todos “, acrescentando combustível para a fogueira.” Ele disse que o interesse do Fatah no momento é apenas aumentar a violência em Israel, e que, mesmo que Abbas fosse chamar aos palestinos para acalmar as tensões em Jerusalém Oriental, “Ninguém iria ouvi-lo.”


Esta é uma das muitas razões que Eid acredita que os palestinos terão que esperar pelo menos mais uma geração – “20 -25 anos” – para uma solução da sua situação

sábado, 27 de junho de 2015

A HISTÓRIA COMPLETA DA BANDEIRA CONFEDERADA


A HISTÓRIA COMPLETA DA BANDEIRA CONFEDERADA


Com a formação dos Estados Confederados da América no início de 1861, uma das primeiras ordens foi criar uma bandeira para a nova nação, a Comissão da Bandeira e do Selo foi formada, e essa era sua tarefa. Havia basicamente duas escolas de pensamento na criação da bandeira. Uma delas foi criar algo que se assemelhasse a bandeira existente bandeira dos EUA. A segunda escola de pensamento era criar uma bandeira muito diferente do que a dos EUA. Na época, ainda havia sentimentos de lealdade à bandeira dos EUA original e a opinião popular foi se alinhando em apoio de uma bandeira que era semelhante à bandeira dos Estados Unidos. Tal opção foi proposta e criada. Esta bandeira é mostrada à direita.

A bandeira proposta assemelhava-se à bandeira dos Estados Unidos, mas substituiu as faixas por 3 barras. A bandeira tinha sete estrelas, uma para cada estado que fazia parte da confederação no momento. Esta bandeira foi apelidada de "Stars and Bars". A bandeira dos Estados Unidos era conhecida como a "Stars and Stripes". Esta bandeira tinha substituído as listras com barraes, por isso era lógico chamá-la de "Stars and Bars". Atualmente as pessoas se referem à bandeira de batalha dos Confederados (foto no topo da página) como "Stars and Bars". Estritamente falando, essa não é uma descrição correta da bandeira de batalha dos Confederados.

Aqueles que preferiam uma bandeira muito diferente daquela dos Estados Unidos propuseram várias bandeiras diferentes, uma das quais mais tarde se tornaria a bandeira de batalha dos Confederados.

Em de março de 1861, aqueles que apoiaram uma bandeira semelhante à dos Estados Unidos prevaleceram, e a "Stars and Bars" se tornou a bandeira nacional oficial da Confederação. O primeiro uso da bandeira oficial foi na inauguração de Jefferson Davis em 4 de março de 1861.

Ao longo dos anos, mais Estados se juntaram a Confederação e por isso mais estrelas foram acrescentadas à bandeira. Eventualmente, a "Stars and Bars" chegou a ter 13 estrelas. Os treze estados representados foram: Carolina do Sul, Mississippi, Flórida, Alabama, Geórgia, Louisiana, Texas, Virgínia, Arkansas, Carolina do Norte, Tennessee, Missouri e Kentucky.

Com este assunto resolvido, os participantes procederam com a acusação da Guerra. Embora houvesse várias escaramuças menores início em 1861, a primeira grande batalha do ano foi a de Batalha de Bull Run, que foi travada em 21 de julho de 1861. Foram mais de 4.800 homens mortos ou feridos nos dois lados.

Na Batalha de Bull Run, houve uma série de regimentos Confederados que usaram a bandeira confederada nacional como bandeira de luta. Apesar de ter uma bandeira nacional que se parece com a velha bandeira dos Estados Unidos poderia ter sido reconfortante para as pessoas da Confederação recém-formada, que acabou por ser uma má ideia no campo de batalha. Na batalha, o propósito de uma bandeira é para ajudar a identificar quem é quem. Quem está do seu lado e quem está do outro lado. A partir dessa perspectiva, tendo dois lados lutando sob bandeiras que são semelhantes na aparência, percebeu-se que era uma ideia muito ruim, que realmente causou um certo grau de confusão na Batalha de Bull Run.

A confusão causada pela semelhança nas bandeiras foi de grande preocupação para o general confederado P.G.T. Beauregard. Ele sugeriu que a bandeira nacional fosse alterada para algo completamente diferente, para evitar confusão em batalhas no futuro. Esta ideia foi rejeitada pelo governo Confederado. Beauregard, em seguida, sugeriu que deveria haver duas bandeiras. Uma, a bandeira nacional, e a segunda sendo uma bandeira de batalha, com a bandeira de batalha sendo completamente diferente da bandeira dos Estados Unidos.

Beauregard foi bem sucedido em ter uma bandeira de luta diferente. A escolhida foi realmente semelhante a uma das bandeiras que já havia sido proposta para ser a bandeira nacional. A bandeira de batalha seria um X azul em um campo vermelho. Como uma bandeira de batalha, a bandeira seria quadrada. A bandeira tinha 13 estrelas, para os treze estados da Confederação. Esta bandeira foi usada pela primeira vez em batalha, em dezembro de 1861. Sendo uma nova bandeira, diferente da bandeira dos Estados Unidos, ganhou ampla aceitação e fidelidade entre os soldados confederados e população em geral. A bandeira é referida como a bandeira confederada, e como a bandeira de batalha do Exército da Virgínia do Norte.

Deve-se notar, no entanto, que havia muitas bandeiras diferentes batalha usadas em momentos diferentes e por regimentos diferentes na guerra.

A bandeira nacional da Confederação é hoje quase esquecida e a bandeira de batalha do Exército da Virgínia do Norte tornou-se o símbolo mais associado a Confederação e continua a ser um símbolo controverso, por ter sido usado por grupos racistas nos EUA, como a KKK.




BANDEIRA NACIONAL CONFEDERADA: (1861-1863)





BANDEIRA DE BATALHA DA VIRGÍNIA DO NORTE E DEPOIS BANDEIRA NACIONAL CONFEDERADA (1863-1865) – Posteriormente usada como símbolo de grupos racistas nos EUA



BANDEIRAS QUE AINDA LEMBRAM AS BANDEIRAS CONFEDERADAS NOS EUA:

BANDEIRA DO MISSISSIPPI:



BANDEIRA DO ESTADO DA GEÓRGIA:




terça-feira, 21 de abril de 2015

A SENTENÇA DE TIRADENTES E ALGUMAS CURIOSIDADES

A Tiradentes foi proferida a seguinte sentença:

"Portanto condenam ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a que com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde em lugar mais publico dela, será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma; e o seu corpo será dividido em quatro Quartos, e pregado em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve suas infames práticas, e os mais, nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma; Declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo os seus bens aplicados para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica, será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique."
No dia 21 de abril de 1792, as 9.00 H, inicia o triste cortejo: À frente uma Cia. de Soldados, depois os frades dizendo orações e em seguida Tiradentes, o laço da forca no pescoço e a ponta da corda segura pelo carrasco, e quase abraçado ao condenado, Frei Penaforte reza com ele.
Descalço, com o cabelo todo raspado e sem barba, vestido com uma camisola branca, Tiradentes seguia de Cabeça erguida, porte erecto, e passo firme a marcha para a forca, construída no Lago da Lampadosa (Atual Praça Tiradentes) onde às 11:20 hs Tiradentes foi enforcado

Glossário: BARAÇO E PREGÃO - baraço é o laço de apertar a garganta; pregão era a descrição da culpa e da pena



Antigo Largo da Lampadosa, depois Praça Tiradentes, no RJ, onde foi a execução



                                                           Praça Tiradentes, RJ, Hoje.

O ROSTO DE TIRADENTES:

Não há nenhuma informação minimamente confiável sobre a aparência desse personagem. Todas as imagens existentes dele são idealizadas. Tentativas de reconstruir sua verdadeira aparência esbarram no fato de não existir o crânio, com o qual seria possível, hoje, reconstituir seu rosto. A cabeça de Turadentes foi roubada e não se sabe o destino que teve.
A única imagem que conhecemos dos inconfidentes é o rosto de Resende Costa, reconstituído a partir de sua ossada, recentemente.




Reconstituição do rosto de José Resende Costa – Inconfidente, degredado em 1792 para Angola. Foi para Portugal anos depois e ainda voltou ao Brasil em 1808, na comitiva de D. João VI


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

CRÔNICA DE UMA FILA NA VENEZUELA


"ESTE PAÍS NÃO ERA ASSIM"

VALENTINA OROPEZA

Publicado: Estado de São Paulo


Sentado em uma cadeira dobrável para suportar a espera na fila na frente de uma farmácia em Caracas, Hernando lamenta a escassez. “Esse país não era assim. Antes tínhamos liberdade para comprar, investir e crescer”, afirmou. Há meses, filas longas, lentas e tensas antecedem a compra de produtos escassos como leite, café, fraldas, sabão em pó ou xampu.
O governo de Nicolás Maduro diz que o desabastecimento é consequência de uma “guerra econômica” dos empresários contra a sua gestão, por meio da especulação.
O setor privado, no entanto, afirma que a escassez é resultado do controle cambial vigente desde 2003, que não garante divisas para pagamento das empresas importadoras e fomenta a corrupção e o contrabando. A queda dos preços do petróleo também contribui para o desabastecimento.
“Agora comemos o que o governo decide colocar nas prateleiras”, comentou Hernando, depois de contar que um vendedor ambulante lhe ofereceu um pacote com 32 fraldas por 950 bolívares. Ao preço de tabela, custaria 150 bolívares.
Logo que amanheceu, a professora Lorena saiu de casa para encarar a fila da mesma farmácia, uma filial da Farmatodo – cadeia particular acusada por Maduro de promover filas para “irritar a população”.
Às 7h30 (horário local), as portas do estabelecimento foram abertas. Os empregados disseram que estava para chegar um caminhão com mercadorias. Uma hora depois, dois empregados escoltados por dois guardas saíram com três caixas de sabonete, duas de xampu e uma instrução clara: dois exemplares de cada produto por pessoa.
“Dois xampus e dois sabonetes, ganhamos na loteria”, disse Lorena, enquanto arregaçava as mangas pronta para se apoderar da sua parte de bens regulamentados pelo governo.
Após um minuto acabou o xampu, mas ainda restava uma caixa de sabonetes. Surgiram dois agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) e pediram para o empregado da farmácia lhes entregar a caixa. O alvoroço transformou-se em silêncio, interrompido por uma compradora. “Isso é um abuso, levamos só dois sabonetes e vocês ficam com tudo!”
Os agentes, com suas armas na cintura e algemas presas no cinturão abriram caminho em meio aos compradores e desapareceram por uma porta com o aviso “somente pessoas autorizadas”.
O governo de Maduro ordenou às unidades de segurança para protegerem os estabelecimentos, enquanto funcionários impedem os repórteres fotográficos de retratarem as filas ou as prateleiras vazias.
Na mesma fila, Sofía contou que há três meses está à caça de um nebulizador contra asma. “Coloquei toda minha família e meus amigos na procura de um inalador. Estou pedindo até pelo Twitter”, disse ela.
Diante da escassez, a estudante universitária de 23 anos pensa em viajar até a fronteira com a Colômbia. “Vou trazer inaladores para o ano todo.”
Nos mercados controlados pelo Estado, as filas são organizadas com base em números marcados no braço dos compradores ou no documento de identidade: as pessoas cujos números nas cédulas terminam em 0 e 1 podem comprar às segundas-feiras; 2 e 3, às terças e assim sucessivamente.
Alguns consumidores tentam fazer negócio com a situação. Vender o lugar na fila ou fazer o mercado e cobrar uma remuneração diária por isso são soluções encontradas para enfrentar a crise econômica no país que fechou 2014 com a inflação em 68,5%.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ANTES E DEPOIS: PRIVATIZAÇÕES MELHORARAM A SAÚDE DAS EMPRESAS E AUMENTARAM A ARRECADAÇÃO DO ESTADO COM ELAS

ANTES E DEPOIS DA VENDA

André Lahoz. Revista Exame


(Observação: os números, hoje, em 2015, são ainda mais significativos, em termos de lucratividade, para todas as empresas aqui citadas. Prof. Murilo)


Ao atacar as privatizações feitas ao longo da década de 90, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou duas acusações aos governos de seus antecessores. A primeira, fartamente debatida nas últimas semanas, é a de corrupção -- supostamente denunciada a Lula por um alto integrante de seu governo, que em troca teria recebido do próprio presidente uma ordem direta para acobertar o crime. Conforme o tempo passa e nem uma única prova aparece para dar embasamento à acusação, fica a impressão de que tudo não passou de mais um escorregão verbal que tristemente vai se tornando uma marca registrada de Lula. Sobra então a segunda acusação embutida na fala presidencial -- a de que o processo de desestatização teria acarretado prejuízo ao país. Trata-se de uma repetição da velha crítica feita pela esquerda sobre certa "onda neoliberal" que teria se abatido sobre o país nos anos 90 e fragilizado a economia brasileira. Nesse caso, o melhor a fazer é simplesmente abandonar preconceitos ideológicos e fazer uma avaliação objetiva dos resultados da privatização no Brasil. Foi o que fez EXAME. O quadro ao lado traz um resumo do efeito da venda das estatais no desempenho das empresas. 


A primeira coisa que salta aos olhos é a fantástica recuperação que elas tiveram assim que saíram das mãos do Estado. Os números impressionam. Verifica-se um crescimento expressivo nos indicadores de saúde financeira a partir do momento em que os gestores se libertaram da ingerência política inerente a uma estatal e puderam tocar as empresas segundo a lógica da economia de mercado. No caso da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por exemplo, o faturamento pulou de 1,5 bilhão de reais em 1994 para mais de 12 bilhões no ano passado. Movimento semelhante observa-se nos dados da Usiminas, cujo faturamento foi multiplicado por 5 desde 1991. O lucro das empresas privatizadas também subiu de maneira assombrosa. No caso da Vale do Rio Doce, uma das maiores empresas mineradoras do mundo, o lucro saltou de 325 milhões de dólares em 1997 para 1,5 bilhão em 2003. A Embraer é outro exemplo fantástico de recuperação na lucratividade. A empresa amargou um prejuízo de 321 milhões de reais em 1994. No ano passado, o lucro foi de quase 600 milhões. 


O sucesso dessas empresas tem sido vital para o desenvolvimento do Brasil. O exemplo do setor de telefonia é revelador. Desde 1997, ano do leilão das empresas telefônicas, o país saiu do tempo das cavernas em matéria de telefonia para contar com tecnologia de ponta. O maior beneficiário tem sido o cidadão comum. O número de linhas fixas e de celulares no país saltou de 27 milhões em 1998 para os atuais 105 milhões. Outro setor privatizado que tem tido resultados expressivos é o ferroviário. Sucateadas nos últimos anos do período estatal, as empresas hoje privadas têm recebido um aporte considerável de investimentos. Vendida em 1997, a América Latina Logística (ALL) é um bom exemplo da recuperação observada no setor. A malha de trilhos passou de 6 300 quilômetros em 1997 para os atuais 7 200 -- e o volume transportado mais que dobrou. Recuperação semelhante se observa no setor rodoviário -- pelo menos nas estradas que foram privatizadas. Segundo balanço da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que reúne 36 concessionárias em sete estados, o investimento realizado desde 1998 soma quase 10 bilhões de reais. "São exemplos de como a privatização pode ter impactos que se multiplicam na economia", diz o economista Celso Toledo, da consultoria MCM. "Dá para imaginar as empresas do país funcionando sem telefones ou o agronegócio sem formas de escoar a produção?" 


É interessante acompanhar o que aconteceu com o emprego nas empresas que saíram das mãos do Estado. Os críticos da privatização sempre afirmaram que a lógica da competição obrigaria as ex-estatais a demitir milhares de funcionários. De fato, num primeiro momento, foi exatamente o que aconteceu com a maioria delas. Algumas operam até hoje com menos funcionários, apesar do expressivo crescimento da produção. A ALL é um exemplo -- o número de funcionários caiu pela metade desde a privatização. No entanto, há também vários casos mostrando o contrário. Muitas companhias ganharam musculatura ao passar para o setor privado e, com o tempo, sentiram necessidade de contratar. O caso da Embraer é emblemático. O crescimento espetacular na venda de aviões -- as encomendas saltaram de quatro aviões em 1996 para 148 no ano passado -- foi acompanhado de aumento no pessoal. O quadro de funcionários dobrou. Também foi o que ocorreu com a Vale -- o número de empregados passou de 17 000 em 1997 para 30 000 em 2003. 


O governo também parece ter ganhado no processo. Como boa parte das empresas dava prejuízo (ou, na melhor das hipóteses, obtinha um lucro modesto), o volume de impostos e dividendos pagos à União não era dos maiores. A recuperação das companhias trouxe de volta o lucro -- e o caixa do governo saiu ganhando. A CSN, por exemplo, não pagou nenhum dividendo ao governo em seu último ano como empresa estatal (1992). No ano passado, entrou mais de meio bilhão de reais em impostos nos cofres públicos. É exatamente o montante pago por outra empresa privatizada, a Embraer. Mas o be nefício das privatizações não foi apenas obtido com a receita de impostos. O governo ganhou também com o dinheiro obtido nos leilões de privatização. Ao todo, foram arrecadados 105 bilhões de dólares, dinheiro utilizado para abater a dívida pública. Essa redução no endividamento traz dois ganhos para o setor público. Por um lado, há uma queda imediata no tamanho da dívida do governo -- estimada por especialistas em cerca de 4% do PIB. É um efeito que se observa no momento da venda. Mas há também um efeito secundário nos anos subseqüentes. Como a dívida cai, o governo deixa de pagar juros sobre essa parcela. Portanto, na hora de contabilizar o impacto fiscal das privatizações, é preciso somar as duas parcelas. Além disso, é necessário considerar que a crise fiscal das últimas décadas praticamente inviabilizou o investimento público. Portanto, ao vender as estatais o governo se livra de um ônus crescente em termos de gastos nessas empresas. "Nenhuma companhia pode se dar ao luxo de ficar anos sem investir", diz o consultor Sérgio Abranches. "Mas o Tesouro vinha tendo dificuldades crescentes de dar conta do recado, o que jogava as estatais rapidamente para a obsolescência." 


Não deixa de ser curioso que a privatização, apesar de tantos números positivos, tenha atualmente tão poucos defensores. Parte da explicação está na crise energética de 2001. Naquela época, os partidos então na oposição, capitaneados pelo PT, venderam a idéia de que a falta de luz devia-se à privatização do setor energético. A maioria dos especialistas discorda do diagnóstico, já que os problemas se concentraram na geração de energia, que continuava (e continua) em mãos estatais. "Mas o fato é que as pessoas passaram a associar a privatização com algo negativo para o bem-estar geral", diz o economista Fábio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Também não ajudou a defesa tímida, quase envergonhada, dos representantes do governo passado. "Como, de um lado, havia muita gente criticando e, de outro, ninguém defendendo, passou a idéia de que a privatização não era mesmo uma coisa boa." 


Mas talvez o principal motivo para a falta de apoio à idéia da privatização, especialmente nos meios políticos, seja o efeito que a venda de estatais traz à vida em Brasília. Conta-se aos milhares o número de cargos públicos que foram eliminados pelo programa de desestatização. Só a Telebrás tinha 27 subsidiárias nos estados, todas com o seu presidente, diretores e dezenas de assessores. A privatização acabou com um festival de nomeações de apadrinhados políticos. "Não há dúvida de que a insatisfação dos políticos foi um fator que ajudou a barrar a privatização nos últimos anos", diz o economista Armando Castelar Pinheiro, do Ipea. Portanto, quando ouvir algum político de Brasília reclamando da privatização -- seja ele um deputado, um ministro ou o presidente da República --, convém lembrar que não se trata de uma opinião desinteressada. É saudade dos bons tempos do empreguismo. 



O efeito da privatização
Os números mostram que as empresas que saíram das mãos do Estado são hoje muito mais lucrativas do que antigamente. Comparando o desempenho das companhias privatizadas a partir do início dos anos 90, conclui-se que todas ganharam eficiência e operam com maior produtividade. A produção cresceu bastante e o resultado foi um salto significativo no lucro. Confira.
Antes da privatização
Depois da privatização
CSN (Privatizada em 1993)
Faturamento (em bilhões de reais)
1,5
12,2
Produtividade (toneladas produzidas por funcionário)
282
946
Embraer (Privatizada em 1994)
Lucro (em milhões de reais)
-321
588
Número de aviões entregues
4
148
Vale do Rio Doce (Privatizada em 1997)
Faturamento (em bilhões de dólares)
3,9
5,5
Fatia das vendas no mercado mundial
19%
33%
ALL (América Latina Logística) (Privatizada em 1997)
Faturamento (em milhões de reais)
194
854
Volume transportado (tonelada por km)
6
14
Telefônica (Telesp) (Privatizada em 1998)
Faturamento (em bilhões de reais)
4
13
Tempo de instalação de uma linha
Até 4 anos
Até14 dias