segunda-feira, 30 de abril de 2012

A CURIOSA HISTÓRIA DOS GIGANTES DO MAR

A CURIOSA HISTÓRIA DE TRÊS GIGANTES

No início do século XX, a Europa vivia as contradições da Belle Epoque. De um lado, luxo, riqueza, progresso econômico e técnico. De outro lado, “o cheiro de pólvora no ar”, como diria, anos mais tarde, o poeta Maiakovski.
O transporte de passageiros era uma das vedetes da sede de poder e glória europeia. Numa época em que os irmãos Wright (não me venham falar em Santos Dummont, por favor) ainda lutavam para emplacar sua invenção, conseguindo os primeiros contratos comerciais e deixando os europeus boquiabertos com seus recordes, o transporte aéreo de longa distância ainda era apenas uma possibilidade. Muitos apostavam nos dirigíveis, que também teriam sua efêmera glória, até o acidente com o Hindenburg, nos anos 30.
Nesta época, as grandes estrelas eram os navios. A principal potência militar e econômica do mundo, dominava os mares com seus gigantes, superando os concorrentes franceses e alemães.
Em 1906, a Cunard Line, grande empresa de transportes navais inglesa, lançava o que seria, por algum tempo o , mais rápido e mais luxuoso navio do mundo: RMS Mauretania. Movido pelas revolucionárias (para a época) turbinas a vapor.

O MAURETANEA (como navio hospital):



No ano seguinte, era lançado aos mares seu irmão gêmeo, o RMS Lusitânia.
A Companhia White Star Line, concorrente da Cunard, decidiu então lançar os maiores titãs que o mundo jamais vira: maiores, mais luxuosos, mais rápidos e... inafundáveis. Nasciam assim os três irmãos: RMS Olympic, lançado em 1908, o RMS Titanic, lançado em 1909, e o HMHS Gigantic (nome original do navio, depois rebatizado de Britannic), lançado em 1914, meses antes da guerra.
Interessante é acompanhar a trajetória desses navios. Trajetória que nos mostra, não só o fim de uma era, mas também o fim de algumas das teses que iluminaram essa época.

O LUSITÂNIA:


No final do século XIX, era impressionante o progresso técnico na Europa e no mundo. O mundo veria o telégrafo sem fio, unindo as invenções de Morse e as experiências com ondas de rádio de Marconi, agilizando ainda mais a comunicação. Nascia a Era da Eletricidade, Thomas Edson e sua lâmpada, Tesla e os sistemas de transmissão. Surgiam os motores a explosão e os automóveis; surgia o cinema e o “fonógrafo”. As feiras de ciência se tornaram uma febre mundial. A Torre Eiffel é um dos símbolos dessa era, construída para a Exposição Universal de Paris (1889).
A euforia era tanta, que, no final do século XIX, cientistas, políticos e profetas de plantão chegaram a afirmar que a ciência iria resolver todos – repito, TODOS os problemas do mundo, das doenças, passando pela fome e chegando à conquista do espaço. É o que poderíamos chamar de a “Era Júlio Verne”... Ou o que a arte identificou no revolucionário “Metrópoles” de Fritz Lang (1927)
É neste clima , contraditório não só pelo fantasma da guerra, mas pela pobreza de milhões que migravam para a América ou para as colônias europeias da África e da Ásia, e que também trabalhavam anonimamente, sob péssimas condições e incansavelmente, nos estaleiros e nas infernais caldeiras a vapor, que nasceram os três irmãos: Olympic, Titanic e Gigantic (ou Britannic).
Lançado em 1908, o Olympic, irmão mais velho, junto com seu concorrente, o Mauretania, foram os que tiveram vida mais longa. O Olympic começou a operar comercialmente em 1911. Em 1912, voltou ao dique para reformas de segurança, em função do impacto mundial provocado pelo naufrágio do Titanic, seu irmão mais novo. Navegou comercialmente até 1915, quando foi requisitado como transporte de tropas e cargas pelo almirantado britânico. Resistiu a tudo: foi abalroado por um navio de guerra e atacado por submarinos por diversas vezes. Em 1918, voltando de uma viagem , foi atacado por um submarino. O comandante conseguiu evitar o torpedo e fazer uma manobra de ataque, abalroando e afundando seu agressor sob o peso de suas milhões de toneladas de aço. Chegou ao porto com algumas chapas tortas, mas, sem fazer água.

O OLYMPIC, irmão menos famoso, mas que "viveu" bem mais do que TITANIC:



Depois da guerra, voltou a operar comercialmente, mas, o mundo já não era mais o mesmo. Nos anos 30, a decadência da “Era dos Transatlânticos”, levou o Olympic finalmente a ser vendido e desmontado. Peças de decoração, sinos, e outras partes do Olympic até hoje andam por aí, navegando em outros navios.
O Titanic, seu irmão mais novo e mais famoso, teve o fim que todos conhecemos, em sua primeira grande viagem. É importante lembrar, que o naufrágio do Titanic teve imensa repercussão nas leis de navegação, nas exigências internacionais de segurança para passageiros no mar e também para a construção naval.

O TITANIC:



O caçula dos irmãos, o Gigantic, seria lançado em 1913, mas, teve sua produção interrompida pelo naufrágio do Titanic. O navio foi remodelado, teve reforçada sua blindagem, seus sistemas de segurança passageiros, e seus sistemas de portas estanques, por exemplo. Foi lançado em 1915, com o nome de Britannic, servindo como navio-hospital, durante a WWI. Em 1916, o navio atingiu uma mina aquática no mar Egeu, e uma sucessão de erros humanos e mecânicos (segundo o almirantado britânico) levaram o imenso navio a pique em apenas 55 minutos (lembrando que o Titanic levou mais de duas horas para afundar).

O BRITANNIC (como navio hospital), o Caçula dos Titãs:


Os concorrentes do Titanic, do Olympic e do Gigantic (ou Britannic), também tiveram vidas opostas. O Lusitânia foi atingido por um torpedo alemão, próximo à Inglaterra, em 1915, matando mais de 600 pessoas, a maioria norte-americanos (desculpem, mas, tenho horror do politicamente correto “estadunidense”). Esse naufrágio foi um dos motivos que levou os EUA à guerra, tempos depois.
Já o Mauretanea, também serviu como navio de passageiros até 1915. De 1915 a 1920, serviu como navio-hospital, na marinha britânica. Voltou ao serviço de passageiros até 1935, quando foi “aposentado”, como o Olympic. Partes do Mauretania ainda singram os mares do mundo.
Seja como for, de uma forma ou de outra, abraçados pelas águas, ou decorando deques, esses grandes navios, símbolos de uma época, fizeram história: mataram, salvaram, deslumbraram e alimentaram sonhos. E estão guardados, para sempre, no coração dos oceanos.

Murilo Cisalpino
Abril de 2012 – ano do centenário do naufrágio do Titanic
Texto dedicado ao meu amigo e colega, prof. Luís Otávio.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Para inglês ver

Documentos liberados pelo Itamaraty apimentam discussão sobre apoio do Brasil à Argentina na Guerra das Malvinas, em 1982. Postura oficial de neutralidade já era contestada naquele tempo
Alice Melo



General Figueiredo e o então presidente da Argentina, Videla, em 1980

Na última semana, uma reportagem do jornal “O Globo” gerou um grande debate ao expor a participação do Brasil num tráfico internacional de armas, durante a Guerra das Malvinas, que ocorreu há exatos 30 anos. Os repórteres se basearam em documentos confidenciais, recentemente liberados pelos arquivos do Conselho de Segurança Nacional e do Itamaraty. O material sugere que o governo brasileiro sabia do uso de territórios nacionais como posto de pouso de aviões carregados de armamentos, oriundos da Líbia e de Israel, com destino à Argentina. Os documentos revelados no periódico reiteram o que a historiografia vem discutindo há tempos: o Brasil não foi neutro durante o conflito.

“Era muito interessante para o Brasil, em questões diplomáticas, mostrar-se oficialmente neutro – principalmente para a Inglaterra e para os Estados Unidos”, conta Adler Homero Fonseca, pesquisador do Iphan e especialista em armamento militar. “Mas, ao mesmo tempo, era positivo para o governo dizer à sociedade que estava apoiando secretamente a Argentina. Isso poderia ser visto como uma independência na política internacional”, destaca o historiador. Ele comenta que, já na época da guerra, a imprensa divulgou fotografias de aviões vindos da Líbia, estacionados em aeroportos nacionais, mas não se tinha certeza do que exatamente eles transportavam.

Apesar do histórico de rivalidade política com os vizinhos, o Brasil tentou se aproximar da Argentina durante os anos 1980, pensando em sua projeção no cenário internacional – na época, as relações internacionais brasileiras ainda eram muito presas aos interesses norte-americanos, coisa que só começou a mudar nos últimos dez anos.

Empréstimos aos hermanos

Ainda assim, o apoio à Argentina na Guerra das Malvinas não podia ser explícito: o governo do general argentino Leopoldo Galtiere chegou a pedir mísseis brasileiros para utilizar em ataques, mas teve a solicitação negada. Apesar do "não", o país comandado por João Batista Figueiredo à época disse "sim" a outros empréstimos e participou nesta aliança de outras formas, como cedendo aviões de patrulhamento marítimo, foguetes, caças e, em dado momento, até reteve uma aeronave inglesa em solo brasileiro.

A reportagem “Disputa reacesa”, publicada no site da RHBN em 2010, traz um trecho de um documento liberado em 2006 pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) – no qual a embaixada britânica condena a postura das autoridades brasileiras frente ao conflito: “À luz das antigas e amistosas relações entre a Grã-Bretanha e o Brasil, o governo de Sua Majestade Britânica acredita ter o direito de esperar tratamento equilibrado na atual situação de crise. Nesse contexto, tem conhecimento de que aviões militares argentinos e outras aeronaves utilizaram e continuam utilizando aeroportos brasileiros ao transportarem equipamento militar para uso pela Argentina”. A postura era tão dúbia que não ficou camuflada nem aos olhos dos ingleses.



A guerra

Em 1982, a ditadura militar argentina não ia bem das pernas: a crise econômica era grave e a população estava cada vez mais insatisfeita. Apelando para o sentimento nacionalista, o governo Galtiere invadiu as Ilhas Malvinas – chamadas pelos britânicos de



Guerra das Malvinas deixou mais de 400 mortos no lado argentino

Falklands – e desafiou a Inglaterra pela soberania do território. O conflito durou poucos meses (até junho do mesmo ano) e gerou consequências amargas à parte sul-americana envolvida: além dos mais de 400 mortos, a guerra produziu centenas de veteranos traumatizados e pôs um ponto final na administração autoritária do país sul-americano.

Hoje, as ilhas continuam sob poder da Inglaterra, mas a Argentina ainda tenta trazer à tona o debate internacional sobre a soberania para tentar reavivar o nacionalismo da população num momento de crise política. “As Malvinas são um tema nacional, algo que toca o sentimento de todos os argentinos, independente da filiação politica. A presidente Cristina Kirchner aproveitou a efeméride dos 30 anos para reacender o nacionalismo, mas o exército argentino não tem condições psicológicas, financeiras e tecnológicas para enfrentar uma guerra contra a Grã-Bretanha”, conta Tomaz Espósito Neto, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal da Grande Dourados.

Para ele, a situação política deve permanecer a mesma porque a Inglaterra não deve ceder. Principalmente porque o território envolveu um conflito armado há pouco tempo e, recentemente, foi apontado como uma possível grande reserva de petróleo. O conflito de interesses está longe de acabar.



Sigilo de documentos

Os documentos que suscitaram o debate foram liberados pelo Itamaraty já obedecendo a nova "lei de arquivos", em vigor desde o ano passado, que colocou fim ao sigilo eterno de documentos oficiais. Agora, textos rotulados como "ultrasecretos", por exemplo, têm prazo máximo de 50 anos para permanecer longe do acesso da sociedade. A medida vai facilitar a pesquisa sobre as decisões políticas do passado do país, por anos mantidas sob segredo absoluto.

sábado, 21 de abril de 2012

NACIONALISMO NO DNA


Nacionalismo no DNA
O patriotismo argentino é como o gênio da lâmpada: aparece e desaparece conforme o desejo do amo de plantão


Christian Carvalho Cruz, de O Estado de S.Paulo
Ai, ai... como dói uma Argentina. No semblante da presidente Cristina Kirchner, a enlutada, o mesmo pesar, o mesmo sofrimento, a mesma desgraça do dia em que Néstor morreu. Motivos outros, mas idênticas expressões de pura tristeza e toxina botulínica. A miséria d’alma presidencial na segunda-feira se devia a mais um sacrifício, fazer o quê?, pelo povo argentino. Roupa negra, ares nada buenos e um desenho de Eva Perón pendurado ao fundo, Cristina anunciava a renacionalização da petroleira YPF, privatizada em 1993. "Isso é uma política de Estado que deve unir os argentinos", foi como ela explicou à nação que seu governo retomava da espanhola Repsol o controle da companhia, por se tratar de setor de "interesse público e nacional". Aos trabalhadores da YPF - menos os executivos espanhóis, que tiveram 15 minutos para abandonar seus cargos e escritórios - ela implorou: "Ajudem a reconstruir essa grande empresa". E, no projeto de lei mandado ao Congresso (a aprovação pela maioria governista é pule de dez), sugeriu que 51% das ações da petroleira pertencentes aos espanhóis sejam expropriados. Sem choro nem vela e tampouco leveza no coração, porque dói, como dói. Com os 25% que estão nas mãos de milionários investidores locais, pero, ninguém mexe.


Marcos Brincicci/Reuters
Motociclista gesticula diante de cartazes de apoio à nacionalização da YPF
"Uma decisão terrível, o fim de uma longa relação de amizade", queixou-se o ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo. "A expropriação envia um sinal negativo aos investidores internacionais e poderá prejudicar seriamente o ambiente para negócios na Argentina", ressaltou a porta-voz da União Europeia, Catherine Ashton. "O governo argentino deverá pagar o que deve. Os tribunais são muito obstinados frente a barbaridades desse tipo", declarou o presidente da Repsol, Antonio Brufau. À fúria dos lamentosos, Cristina baixou seus olhinhos pesadamente maquiados: "Esta presidente não vai responder a ameaças nem a frases insolentes". E contou com o apoio de seu jovem vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, o mentor do tango YPF: "Idiotas são os que pensam que o Estado deve ser estúpido e cumprir o que a empresa pede". A Repsol quer US$ 10,5 bilhões. Kicillof diz que as dívidas da empresa já dão quase isso: US$ 9 bilhões. Sem contar o "passivo ambiental" que, se doer demais, ele vai cobrar.

Entre um passo e outro dessa dança, diz o historiador argentino Luis Alberto Romero, autor de História Contemporânea da Argentina (Zahar, 2006), boas oportunidades para se entender a Argentina deste terceiro mandato presidencial da dinastia Kirchner - o segundo de Cristina. Para ele, a tomada da YPF esconde de tudo um pouco: corrupção, incompetência do governo e mais uma tentativa de se resgatar o nacionalismo argentino. Uma cortina de fumaça, para usar expressão da moda. Professor da Faculdade Latino-americana de Ciência Sociais, da Universidade Torcuato Di Tella e pesquisador chefe do Conselho de Pesquisas Técnicas e Científicas da Argentina, na entrevista a seguir Romero destrincha Cristina, detona a silenciosa e desarticulada oposição, explica por que, como Kassab, a presidente não é de esquerda nem de direita nem de centro e calcula o que resta ao kirchnerismo para se manter no poder sem um Kirchner: "Resta uma reforma constitucional que aprove o subterfúgio do parlamentarismo".

Antes de se tornar presidente, Néstor Kirchner apoiou a privatização da YPF feita por Carlos Menem em 1993. O que está por trás da reestatização promovida agora por sua viúva e sucessora, Cristina Kirchner?

Por um lado há uma tentativa de levantar uma nova bandeira nacionalista, como no recente caso dos 30 anos da Guerra das Malvinas. O nacionalismo está instalado no subconsciente de todos (ou quase todos), e é muito fácil fazê-lo emergir ou submergir. Como um Aladim e o gênio da lâmpada. É um grande instrumento político, bastante útil para a conjuntura, embora depois todo mundo se lamente dos resultados. Basta lembrar o apoio que os argentinos deram à invasão das Malvinas em 1982. Além do nacionalismo, com a nacionalização da YPF pretende-se tirar as atenções do Boudougate (o vice-presidente, Amado Boudou, é investigado por suposto tráfico de influência e lavagem de dinheiro no caso envolvendo a empresa Ciccone, que imprime cédulas e documentos oficiais). Utilizar cortinas de fumaça é um estratagema conhecido desse governo. E, por fim, eles talvez estejam colocando as mãos naquilo que acreditam ser um saco de dinheiro para cobrir o déficit fiscal.

Por que esse governo precisa tanto levantar bandeiras nacionalistas?

Todos os governos o fizeram, salvo o de Raúl Alfonsín. É um instrumento de poder. No caso dos peronistas, está inscrito em seu DNA. Trata-se de um movimento que se define como povo e como nação.

Para alguns analistas, nacionalizações no setor de energia facilitam o uso político de cargos e, por causa disso, as empresas acabam perdendo produtividade e competitividade. Para outros, a gestão de recursos estratégicos como o petróleo deve ser do Estado, para que os lucros da operação permaneçam no país. Qual sua opinião?

Uma coisa é falar em geral de um Estado que funciona bem, e outra muito diferente é referir-se a este Estado argentino, que está semidestruído e completamente subordinado ao governo. Uma destruição sistemática e deliberada que começou em 1976 com o Processo de Reorganização Nacional conduzido pelo ministro da Economia do regime militar, José Alfredo Martínez de Hoz. Ali têm início a abertura econômica e a redução da participação do Estado como instrumentos aplacadores das tensões políticas e sociais. Essa destruição, que hoje se nota particularmente nas agências reguladoras, no funcionalismo público e na falta de normas, foi então praticada por todos os governos dali em diante - exceto novamente por Alfonsín, que, por outro lado, se não ajudou a destruir, também não fez muito para reverter o processo. Por isso, não esperemos por administradores competentes na YPF. Teremos prepostos de autoridades como o secretário de Comércio, Guillermo Moreno, que só pensa em como resolver o problema do dia.

Ouve-se que o governo esconde os reais índices de inflação, e que esse é o maior problema econômico argentino hoje. E fora da economia, que problemas o país enfrenta?

Um governo que assumiu o controle de todos os meios de poder. E uma oposição que não consegue encontrar uma forma de enfrentá-lo. Depois disso, um cidadão mal informado - resultado da decadência do sistema educacional e do empobrecimento da sociedade - que vive o dia e apoia um governo que, acredita ele, de qualquer forma é melhor que o possível caos.

E quem é e como se organiza a oposição?

Ela vai muito mal. Não encontra um ângulo para enfrentar um governo que dispõe, até agora, de uma grande quantidade de dinheiro para fazer populismo e se apresenta com um discurso populista. A ala progressista da oposição - radicais, socialistas - não sabe como se opor a coisas que aparentemente são dignas de apoio, como a estatização da YPF, mas que na prática são ruins. Seu problema é não ousar dizer o que tem que ser dito, pois teme ser acusada de pouco patriotismo. E então há (o empresário centro-direitista) Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, que tem dois pontos fracos: não possui uma estrutura partidária fora da capital e é um bocado parvo. Sua única chance é conseguir se alavancar junto a um setor descontente do peronismo.

No primeiro mandato, Cristina enfrentou agricultores e a mídia. Neste começo de segundo, uma empresa estrangeira. Quais as diferenças entre um mandato e outro?

Existe um esquema único, e vão mudando os objetivos. É um discurso que coloca de um lado o governo, o povo e a nação; de outro, o inimigo, que é um e são muitos, e que se pode adaptar conforme a conjuntura. É um recurso discursivo conhecido e clássico. Quem busca alguma lógica nele não o entende, mas a luta de discursos é assim mesmo.

A morte de Néstor tornou impossível a alternância de cônjuges na presidência, uma característica do kirchnerismo segundo a escritora Beatriz Sarlo. Com Cristina impedida de se candidatar novamente, como anda o plano de poder do kirchnerismo?

O peronismo nunca pôde solucionar o problema da sucessão, como fez, por exemplo, o PRI no México. A alternância matrimonial parecia uma boa alternativa. Agora, para seguir em frente, só lhes resta uma reforma constitucional que aprove o subterfúgio do parlamentarismo. Boudou, o vice, é um incompetente que teve uma ideia genial: estatizar o AFJP, sistema de administradoras de fundos de previdência privada do país. Axel Kicillof, o vice-ministro de Economia e uma das mentes por trás da nacionalização da YPF, estamos conhecendo agora. No momento, quem maneja tudo é Guillermo Moreno, que utiliza métodos de quadrilha e obtém bons resultados de curtíssimo prazo. Porém, esse é justamente o problema: o atual governo só pensa em curtíssimo prazo. É uma inversão histórica. Neste momento estamos em clara decadência frente aos países latino-americanos com os quais sempre nos comparamos. Em tudo: desenvolvimento (não só crescimento econômico), igualdade social, reconstrução do Estado, índices de educação, segurança e saúde... Tudo.

A sociedade aceitaria uma reforma pelo parlamentarismo?

Imprevisível. Mas os partidários do fortalecimento das instituições republicanas deveriam estar teoricamente de acordo. Porém, sabem que é só um engodo para solucionar o problema da sucessão e que um regime parlamentarista governado pelos peronistas seria igual ao atual, só que com presidência vitalícia. E assim como no caso da YPF, os adversários tendem a cair na armadilha do discurso oficial.

Como interpretar o luto que Cristina mantém em eventos oficiais? E também o fato de ela sempre aparecer acompanhada de uma gravura de Eva Perón ao fundo?

O luto funcionou bem nos primeiros dias entre a morte de Néstor e a eleição dela. O mesmo vale para as alusões que Cristina faz ao marido nos discursos, como "ele me guia", "ele me ajuda". Tudo isso certamente a ajudou a construir um "discurso", uma tentativa de se criar um mito. Mas tenho a impressão de que já deixou de impressionar, porque ela agora faz coisas e toma decisões completamente distintas da administração de Néstor. Ela está muito distante da própria herança. As diferenças começam com a substituição de colaboradores diretos de Néstor. Depois, fortes mudanças em relação a determinados assuntos. O caso YPF é um exemplo: Néstor, no passado, apoiou a privatização. E, finalmente, a ruptura com aliados que foram importantes para ele, como a Confederação Geral do Trabalho (a maior central sindical do país) e grupos empresariais. Foram muitas rupturas. E as novas alianças ainda não estão claras.

Um prefeito aqui no Brasil criou um partido que ele jura não ser de direita nem de esquerda nem de centro. Cristina é de quê?

Difícil situá-la politicamente. Pessoalmente, acho que as categorias "direita" e "esquerda" não são muito úteis hoje, pois estão carregadas de sentidos diferentes de sua origem. Porém, e isso é clássico na América Latina, o populismo trata de se colocar acima dessas dicotomias.

Então, quer dizer que este atual governo argentino é populista e nada mais.

Populista diz pouco. Ele é peronista, da variante do segundo peronismo, que se caracteriza, entre outras coisas, por utilizar o poder do povo para construir novos ricos - de maneira legítima e não sub-reptícia. Como escrevi num artigo recente, esse peronismo, nas suas práticas e palavras, passou a ocupar os dois polos do discurso populista. São igualmente valiosos um povo alimentado por clientelismo e uma oligarquia formada por "amigos do poder", generosa com os recursos do Estado. O mais assustador é que, apesar dessa ambiguidade, seus enunciadores atuais conseguem conservar a tensão entre os dois polos e manter aceso o conflito irredutível que é a chave do seu êxito. É uma obra-prima da arte política. Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

INCONFIDÊNCIA MINEIRA: A REVOLUÇÃO DOS RICOS


Foi de uma denúncia feita ao visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais em 1789, que veio à tona a Inconfidência Mineira, um movimento de contestação ao governo que administrava a capitania. A acusação, feita pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis, dizia que alguns indivíduos pretendiam organizar um motim contra a derrama – uma cobrança sobre cada cidadão da região para completar a quantia mínima de cem arrobas anuais de ouro. Naquele ano, Minas devia aos cofres públicos cerca de 538 arrobas, ou o equivalente a quase oito toneladas de ouro.

Os revoltosos contavam com o temor da cobrança do quinto atrasado para obter apoio popular. Os sediciosos alimentavam o desejo de se ver livres das cobranças dos tributos e impostos feitas por Portugal, o que lhes garantiria liberdade comercial. Outro motivo de revolta era o ódio generalizado aos apadrinhados – pessoas que vinham para Minas Gerais, sob a proteção do governador, para administrar cargos públicos – que se aproveitavam de sua posição para se apossar de terras e rendas dos mineiros.

Para diminuir o prejuízo e preservar suas riquezas, os principais fazendeiros, exploradores de ouro e diamantes, criadores de gado, militares, contratadores, magistrados e eclesiásticos resolveram aderir ao movimento. Os inconfidentes, como o poeta Cláudio Manuel da Costa, o ouvidor Tomás Antônio Gonzaga e o ouvidor e proprietário de terras Inácio José de Alvarenga Peixoto, eram quase todos escravistas e constituíam a elite letrada da época. O processo instaurado também condenou cinco religiosos: o cônego Luís Vieira da Silva, proprietário de uma das melhores bibliotecas do Brasil, e os padres Carlos Correia de Toledo, José Lopes de Oliveira, Manuel Rodrigues da Costa e José da Silva e Oliveira Rolim. Ainda foram considerados culpados o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrada, comandante do Regimento de Cavalaria e a mais alta patente envolvida na Inconfidência, o sargento-mor Luís Vaz de Toledo Piza, o comerciante e contratador Domingos de Abreu Vieira, o cirurgião Salvador Carvalho do Amaral Gurgel, os doutores Domingos Vidal de Barbosa Lage e José Álvares Maciel e os latifundiários José Aires Gomes e Francisco Antônio de Oliveira Lopes, entre outros.

Onze pessoas foram condenadas à morte, mas dez tiveram a pena modificada e foram degredados para a África – os réus religiosos ficaram presos em Lisboa. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, considerado líder do movimento, foi enforcado, e teve a cabeça decepada e o corpo esquartejado no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792.




André Figueiredo Rodrigues é professor das Faculdades Guarulhos, do Centro Universitário Anhanguera de São Paulo e autor de "A fortuna dos inconfidentes: caminhos e descaminhos de bens de conjurados mineiros (1760-1850)" (Globo, 2010)

sábado, 7 de abril de 2012

FHC: CRIME SEM CASTIGO

Houve tempo em que se dizia que ou o Brasil acabava com a saúva ou a saúva acabaria com o Brasil. As saúvas andam por aí, não acabaram, nem o Brasil acabou. Será a mesma coisa com a corrupção? Que ela anda vivinha por aí não restam dúvidas, que acabe com o Brasil é pouco provável, que acabe no Brasil, tampouco. Mas que causa danos enormes é indiscutível. Haverá quem diga que sempre houve corrupção no País e pelo mundo afora, o que provavelmente é certo, mas a partir de certo nível de sua existência e, pior, da aceitação tácita de suas práticas como “fatos da vida”, se ela não acaba com o País, deforma-o de modo inaceitável. Estamo-nos aproximando desse limiar.

Há formas e formas de corrupção, especialmente das instituições e da vida política. As mais tradicionais entre nós são o clientelismo – a prática de atender os amigos, e os amigos dos amigos, nomeando-os para funções públicas -, a troca de favores e o patrimonialismo, isto é, a confusão entre público e privado, entre Estado e família. Tudo isso é antigo e deita raízes na Península Ibérica. A frase famosa “é dando que se recebe”, de inspiração dita franciscana, referia-se mais à troca de favores do que ao recebimento de dinheiro. Por certo, um sistema político assentado nessas práticas já supõe o desdém pela lei e é tendente a permitir deslizes mais propriamente qualificados como corrupção. Mesmo quando não haja suborno de funcionários ou vantagem pecuniária pela concessão de favores, prática que os juristas chamam de prevaricação, os apoios políticos obtidos dessa maneira são baseados em nomeações que implicam gasto público. Progressivamente, tais procedimentos levam a burocracia a deixar de responder ao mérito, ao profissionalismo. Com o tempo, as gorjetas e mesmo o desvio de recursos – o que mais diretamente se chama de corrupção – aumentam como consequência desse sistema.

Nos dias que correm, entretanto, não se trata apenas de clientelismo, que por certo continua a existir, ao menos parcialmente, mas de algo mais complexo. Se o sistema patrimonialista tradicional já contaminava nossa vida política, a ele se acrescenta agora algo mais grave. Com o desenvolvimento acelerado do capitalismo e com a presença abrangente dos governos na vida econômica nacional, as oportunidades de negócios entremeados por decisões dependentes do poder público ampliaram-se consideravelmente. E as pressões políticas se deslocaram do mero favoritismo para o “negocismo”. Há contratos por todo lado a serem firmados com entes públicos, tanto no âmbito federal como no estadual e no municipal. Crescentemente, os apoios políticos passam a depender do atendimento do apetite voraz de setores partidários que só se dispõem a “colaborar” se devidamente azeitados pelo controle de partes do governo que permitam decisões sobre obras e contratos. Mudaram, portanto, o tipo de corrupção predominante e o papel dela na engrenagem do poder. Dia chegará – se não houver reação – em que a corrupção passará a ser condição de governabilidade, como ocorre nos chamados narcoestados. Não, naturalmente, em função do tráfico de drogas e do jogo (que também se podem propagar), mas da disponibilidade do uso da caneta para firmar ordens de serviço ou contratos importantes.

Não por acaso se ouvem vozes, cada vez mais numerosas, na mídia, no Congresso e mesmo no governo, a clamar contra a corrupção. E o que é mais entristecedor, algumas delas por puro farisaísmo, como ainda agora, em clamoroso caso que afeta o Senado e sabe Deus que outros ramos do poder. O perigo, não obstante, é que se crie uma expectativa de que um líder autoritário ou um partido-salvador seja o antídoto para coibir a disseminação de tais práticas. Em outros países já vimos líderes supostamente moralizadores se engolfarem no que diziam combater, e a experiência com partidos “puritanos”, mesmo entre nós, tem mostrado que nem eles escapam, aqui ou ali, das tentações de manter o poder ao preço por ele cobrado. Quando este passa a ter a conivência com o setor gris da sociedade, lá se vão abaixo as belas palavras, deixando um rastro de desânimo e revolta nos que neles acreditaram.

A experiência histórica mostra, contudo, que há caminhos de recuperação da moral pública. Na década de 1920, nos Estados Unidos, havia práticas dessa natureza em abundância. O controle político exercido por bandos corruptos aboletados nas câmaras municipais, como em Nova York, por exemplo, onde o Tammany Hall deixou fama, é arquiconhecido. As ligações entre o proibicionismo do álcool e o poder político, da mesma forma. Pouco a pouco, sem nunca, por certo, eliminar a corrupção completamente, o caráter sistêmico desse tipo de procedimento foi sendo desmantelado. À custa de quê? Pregação, justiça e castigo. Hoje, bem ou mal, os “graúdos”, ao menos alguns deles, também vão para a cadeia. Ainda recentemente, em outro país, a Espanha, depois de rumoroso escândalo, alto personagem político foi condenado e está atrás das grades. Não há outro meio de restabelecer a saúde pública senão a exemplaridade dos líderes maiores, condenando os desvios e não participando deles, o aperfeiçoamento dos sistemas de controle do gasto público e a ação enérgica da Justiça.

A despeito do desânimo causado pela multiplicação de práticas corruptas e pela impunidade vigente, há sinais alvissareiros. É inegável que os sistemas de controle, tanto os tribunais de contas como as auditorias governamentais e as Promotorias, estão mais alerta e a mídia tem clamado contra o mau uso do dinheiro e do patrimônio públicos. A ação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade da Lei da Ficha Limpa mostram que o clamor começa a despertar reações. Mas é preciso mais. Necessitamos de uma reforma do sistema de decisões judiciais, na linha do que foi proposto pelo ministro Peluso, para acelerar a conclusão dos processos e dificultar que bons advogados posterguem a consumação da justiça. Só quando se puserem na cadeia os poderosos que tenham sido condenados por crimes de colarinho branco, o temor, não da vergonha, mas do cárcere coibirá os abusos.

Não nos esqueçamos, porém, de que existe uma cultura de tolerância que precisa ser alterada. Não faltam conhecidos corruptos a serem brindados em festas elegantes e terem quem os ouça como se impolutos fossem. As mudanças culturais são lentas e dependem de pregação, pedagogia e exemplaridade. Será pedir muito? E não nos devemos esquecer de que a responsabilidade não é só dos que transgridem e da pouca repressão, mas da própria sociedade – isto é, de todos nós -, por aceitar o inaceitável e reagir pouco diante dos escândalos.

Publicado no jornal O Estado de S Paulo em 01.04.2012.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,crime–sem-castigo-,856131,0.htm

terça-feira, 3 de abril de 2012

EXERCÍCIOS - TURMA DE HUMANAS GAUSS

01.Leia atentamente as afirmativas abaixo:
I - No início, o Egito estava dividido em um grande número de aldeias, denominadas nomos.
II - No Egito Antigo as mulheres eram respeitadas, podendo até adquirir propriedades.
III - O Egito se localiza na Ásia, é banhada pelo Oceano Indico e possui extensa área desértica.

Assinale:
a) Se I, II e III estiverem corretas.
b) Se II e III estiverem corretas.
c) Se apenas a I estiver correta.
d) Se I e II estiverem corretas.


02.A sociedade egípcia estava dividida em dois grandes grupos sociais: os privilegiados (nobres, sacerdotes e funcionários administrativos) e os não-privilegiados (soldados, artesãos, camponeses e escravos).
Em relação à sociedade egípcia, a alternativa CORRETA é:
a) Como a religiosidade no Egito Antigo era pequena, os sacerdotes possuíam pouca influência sobre a sociedade.
b) Os escribas atuavam em todos os níveis da administração, fiscalizavam o controle das despesas do Estado e a arrecadação dos impostos.
c) Os camponeses eram minoria na sociedade egípcia, eram muitos respeitados, já que forneciam alimentos para a população.
d) Os vizires e os nomarcas eram muito explorados, já que pagavam impostos altíssimos.



03.Sobre a religião, que marcou a vida do povo egípcio do berço ao túmulo, é INCORRETO afirmar:
a) As pirâmides eram os locais de culto presidido pelos sacerdotes.
b) Os egípcios eram politeístas: adoravam vários deuses.
c) A religião contribuiu para o desenvolvimento das ciências e das artes.
d) Entre os deuses mais importantes destaca-se Amon-Rá , o deus Sol.



04.Os altíssimos impostos, cobrados para sustentar as campanhas militares do Estado, provocaram inúmeras revoltas que abalaram o poder do Império. Essas revoltas contribuíram para a conquista sucessiva do Egito por vários povos.

Foram povos que conquistaram o Egito, EXCETO:
a) assírios;
b) persas;
c) hebreus;
d) romanos.




05.A partir da figura acima, podemos afirmar que a escrita egípcia

a) apresentava, normalmente, caracteres em forma de cunha.
b) usava, na sua maioria, símbolos sem nenhuma relação com a realidade.
c) possuía um alfabeto muito próximo do alfabeto utilizado por nós hoje em dia.
d) era formada por figuras que representavam os objetos a que se referiam.


06.Leia o texto abaixo.

"Ó senhor de todos! Rei de todas as casas. Nas decisões mais distantes fazes o Nilo celeste para que desça como chuva e açoite as montanhas, como um mar para regar os campos e jardins estranhos. Acima de tudo, porém, fazes o Nilo do Egito que emana do fundo da terra. E assim, com os teus raios, cuidas de nossas hortas. Nossas colheitas crescem, e crescem por ti (...). Tu estás em meu coração. Nenhum outro te conhece, a não ser teu filho Aknaton".

As afirmativas abaixo se relacionam com o texto acima. Leia-as.

I) As cheias do Rio Nilo eram de grande importância para o povo egípcio antigo.
II) A figura do faraó aparece associada ao aspecto religioso.
III) O texto critica o grande poder político dos faraós egípcios.

Estão corretas as afirmativas:

a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) I, II e III.


07.“Há, no Egito, pessoas encarregadas por lei de embalsamar corpos e que fazem disso uma profissão. Esses profissionais utilizam-se de vinho de palmeira e óleos aromáticos, especiarias (mirra, canela). Salgam o corpo e cobrem com náilon por setenta dias. Após este tempo, lavam, envolvem-no com faixas de tela de algodão embebidas em commi, uma espécie de cola.

Existem vários tipos de embalsamamento. Esse apresentado é o mais caro. Nos tipo médio e inferior são utilizados processos mais simples e mais baratos. O preço é combinado com a família.

Se se encontra um cadáver abandonado, seja alguém que foi atacado por um crocodilo ou morto por afogamento no Rio Nilo, a cidade em cujo território foi encontrado, é obrigada a embalsamá-lo. Não é permitido parentes ou amigos tocar no cadáver, apenas os sacerdotes do Nilo têm esse privilégio. É algo mais precioso do que o simples cadáver de um homem.”

Após a leitura do texto, assinale a alternativa correta:

A) Os egípcios recebiam o mesmo tratamento após a morte.
B) O egípcio morto no Rio Nilo recebia o tratamento igual a um mendigo.
C) O egípcio de classe alta era embalsamado pelo Faraó.
D) O egípcio após a morte recebia um tratamento diferente, de acordo com a sua condição social.


08. Assinale a afirmação que se refere ao código de Hamurábi:

a) A função da pena é sujeitar o condenado a um castigo equivalente ao dano por ele praticado.
b) A pena dada não era prisão, mas as quantidades de chibatadas dadas conforme a gravidade do crime.
c) O condenado era preso em um calabouço até o fim de sua vida comendo pão e água somente.
d) Havia apenas duas leis que levava o condenado a morte, roubar e matar.
e) Todos deviam respeito ao rei e caso descumprisse era condenado à morte.


09.Assinale a alternativa que afirma ser a região que ficava ao norte da Mesopotâmia e que era utilizada como passagem entre a Ásia e o Mediterrâneo:

a) Fenícia
b) Pérsia
c) Egito
d) Síria
e) Assíria


10. (UFCSPA/RS) A Mesopotâmia atual situa-se no Oriente Médio entre os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque, na região conhecida como Crescente Fértil. Seu nome vem do grego (meso=meio e potamos=água) e significa “terra entre rios”. A fertilidade desta região, localizada em meio a montanhas e desertos, deve-se à presença dos rios.
Sobre a civilização mesopotâmia, na Antiguidade Oriental, analisar os itens abaixo:
I – A estrutura social baseava-se na existência de uma pequena elite, controladora de uma vasta população que estava submetida ao trabalho compulsório, característica de um governo despótico, de fundamento teocrático, que domina todos os grupos sociais.
II – O Estado era responsável pelas obras hidráulicas necessárias para a sobrevivência da população, bem como pela cobrança de impostos e pela administração de estoques de alimentos.
III – Na religião mesopotâmia, o governante era representado e compreendido por seus súditos mais como uma divindade viva do que como um representante dos deuses.
IV – Em termos políticos, a Mesopotâmia caracterizou-se por ter, na instituição monárquica, personificada no governante, o seu principal fator de unidade.
Está(ão) CORRETO(S):
A - Somente o item I.
B - Somente os itens I e II.
C - Somente os itens I, III e IV.
D - Somente os itens II e IV.
E - Todos os itens.


11. (UFSC/SC) - Bagdá – O famoso tesouro de Nimrud, desaparecido há dois meses em Bagdá, foi encontrado em boas condições em um cofre no Banco Central do Iraque em Bagdá, submerso em água de esgoto, segundo informaram autoridades do exército norte-americano. Cerca de 50 itens, do Museu Nacional do Iraque, estavam desaparecidos desde os saques que seguiram à invasão de Bagdá pelas forças da coalizão anglo-americana.
Os tesouros de Nimrud datam de aproximadamente 900 a.C. e foram descobertos por arqueólogos iraquianos nos anos 80, em quatro túmulos reais na cidade de Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos, de ouro e pedras preciosas, foram encontrados no cofre do Banco Central, em Bagdá, dentro de um outro cofre, submerso pela água da rede de esgoto.
Os tesouros, um dos achados arqueológicos mais significativos do século 20, não eram expostos ao público desde a década de 90. Uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico chegará na próxima semana em Bagdá para estudar como proteger os objetos.”
O ESTADO DE SÃO PAULO. Versão eletrônica. São Paulo: 07 jun. 2003. Disponível em:
Assinale a(s) proposição(ões) correta(s) em relação às sociedades que se desenvolveram naquela região na Antigüidade:
1 - A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localizam os territórios do Iraque, do Kweite (Kwait) e parte da Síria, era conhecida como Mesopotâmia.
2 - Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os quais podemos destacar os sumérios, acádios, assírios e babilônios.
4 - A religião teve notável influência na vida dos povos da Mesopotâmia. Entre eles surgiu a crença em uma única divindade (monoteísmo).
8 - Os babilônios ergueram magníficas construções feitas com blocos de pedra, das quais são exemplos as pirâmides de Gisé.
16 - Os povos da Mesopotâmia, além da significativa contribuição no campo da Matemática, destacaram-se na Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos códigos de leis da Antigüidade, o de Hamurábi.
32 - Muitos dos povos da Mesopotâmia possuíram governos autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema democrático de governo


12. O atual Iraque obrigou territorialmente a maior parte da Antiga Mesopotâmia (terra entre rios), berço de ricas civilizações. Entre essas civilizações encontram-se os sumerianos, os quais se caracterizavam por:
A - apresentar uma comunidade constituída por clãs familiares independentes, onde a administração política descentralizada era exercida pelos patriarcas das aldeias;
B - constituir um império duradouro e unificado, imune, graças a suas defesas naturais e a seus grandes exércitos, aos perigos inerentes às migrações de sociedades nômades;
C - representar uma sociedade liderada pela oligarquia mercantil e pelos proprietários de navios, cujo poder e riqueza advinham sobretudo do comércio e do domínio dos mares do Oriente Médio;
D - provocar uma ruptura embrionária entre a dimensão divina e a dimensão humana da figura real, dado que o Patesi não era o próprio Deus, como no Egito, mas apenas seu representante;
E - formar um povo economicamente auto-suficiente, que não praticava relações comerciais com o exterior.

GABARITO:

01 - D
02 - B
03 - A
04 - C
05 - D
06 - A
07 - D
08 - A
09 - E
10 - D
11 - 15