A
volta das revoluções
|
||||
|
||||
por
Silvio Caccia Bava - Le Monde Diplomatique
|
||||
As
revoluções estão de volta. Elas ocorrem quando menos se espera
e muitas vezes surpreendem por seus protagonistas se constituírem
como novos atores políticos. São processos que começam em razão
de alguma violência, arbitrariedade ou discriminação, uma
faísca num contexto de opressão, e não se sabe como terminam ou
de que propostas de transformações são portadoras.
Só
podemos compreender seus significados e potencialidades se
construirmos para isso uma abordagem histórica. Por exemplo, uma
história da opressão e da exploração, seja dos trabalhadores
nas fábricas, que dá origem ao sindicalismo estadunidense; ou
das mulheres, que dá origem ao movimento feminista; ou ainda dos
homossexuais ou dos grupos indígenas, que defendem seus direitos.
Em
uma revolução, o que está em causa é o poder. Destituir o
poder opressor e criar novas formas de governar no interesse dos
grupos que assumem o poder. Muitas vezes, quando a revolução
ocorre, as aparentes identidades dos grupos oprimidos se desfazem
e abrem campo para disputas, muitas vezes cruéis, entre os grupos
que buscam a instituição da nova ordem. As contradições
internas às revoluções são também algo importante de ser
compreendido.
As
lutas contra o jugo colonial, pela emancipação nacional, também
fazem parte do repertório das revoluções. Essas lutas vão
desde as lutas pela independência na América Latina e na África,
por exemplo, contra as potencias europeias que as colonizavam; até
as lutas anti-imperialistas do século XX e que adentram hoje o
século XXI.
Mais
recentemente, a Primavera Árabe nos traz surpresas. Povos que
viveram por décadas a opressão de regimes autoritários, a
partir das mobilizações bem sucedidas da Tunísia e do Egito,
resolveram se sublevar e estão transformando radicalmente o
cenário geopolítico do Oriente Médio e do Norte da África.
No
mundo de hoje, globalizado, as experiências em qualquer país
podem se transformar em referências para o mundo inteiro. E o
sucesso das mobilizações que derrubaram os governos autoritários
da Tunísia e do Egito mostrou o caminho da insurgência para
muitos outros povos. Talvez tenham até estimulado o surgimento do
movimento dos indignados, na Europa.
Mas
nem sempre as revoluções garantem dias melhores. Muitas delas,
ao longo da história, foram apropriadas por grupos de poder,
contrariando até mesmo suas próprias bandeiras. Daí a
importância da análise e da compreensão dos seus significados,
simbólicos e políticos.
|
domingo, 16 de junho de 2013
PARA QUEM QUISER REFLETIR ENQUANTO FAZ "A REVOLUÇÃO"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário