Um tema recorrente em vestibulares e no Enem, nos últimos anos, tem sido o Mundo Árabe e o Islã. Decidimos então reservar esta página do Blog somente para assuntos relacionados ao islamismo e aos árabes. Inicialmente, abordamos uma questão que geralmente causa dúvidas entre os alunos e as pessoas em geral: as seitas e divisões internas ao islamismo, especialmente quanto aos Xiitas e Sunitas. Segue no texto abaixo alguns esclarecimentos sobre isso e sobre outras seitas e correntes ligadas ao islamismo:
XIITAS,
SUNITAS E OUTRAS SEITAS E CORRENTES FILOSÓFICAS ISLÂMICAS
Vista
como umas das mais significativas divisões do mundo islâmico,
xiitas e sunitas aparecem em diversos noticiários sem uma devida
explicação que possa esclarecer as dúvidas do grande público.
Como se não bastassem os preconceitos que atingem a comunidade
muçulmana como um todo, vemos que essa divisão é de suma
importância para que seja possível entender a história de uma das
mais importantes religiões existentes no mundo.
Por
volta do século VIII, a expansão do islamismo por diversas partes
do mundo determinou a origem da divisão que hoje estabelece a
diferença entre xiitas e sunitas. Tudo isso se iniciou no ano de
632, quando a morte do profeta Muhammad abriu espaço para uma
disputa sobre quem poderia ocupar a posição de principal líder
político de toda a comunidade islâmica existente.
Ali,
genro de Muhammad, reivindicava a sucessão por ser ele casado com
Fátima, a única filha viva do profeta na época, e ter dois netos
como descendentes diretos do profeta. Contudo, a maioria dos
muçulmanos não concordava com essa ideia ao perceber que Ali era
muito jovem e inexperiente para ocupar tamanha posição. Foi então
que Abu Bakr, amigo do profeta, acabou sendo escolhido como sucessor
pela maioria dos muçulmanos.
Após
a vigência de Abu como califa, dois outros líderes foram aclamados
como chefes supremos dos muçulmanos. Foi então que, em 656, após o
assassinato do califa Uhtman, Ali conseguiu governar por um breve
período. Nesse tempo, a forte oposição da tribo dos omíadas
acabou estabelecendo a independência dos califados de Medina e
Damasco. Pouco tempo depois, o próprio Ali acabou sendo morto por um
grupo de partidários que não aceitava sua postura conciliatória.
Mesmo
com essa dissidência, os partidários de Ali – conhecidos como
“Shiat Ali” – prosseguiram lutando e questionando a
legitimidade política dos califados que não se sujeitavam à
autoridade dos descendentes diretos de Muhammad.
Conhecidos mais tarde como “xiitas”, eles acreditam que os líderes oriundos da linhagem do Profeta são líderes aprovados por Alá e, por essa razão, teriam a capacidade de tomar as decisões políticas mais sensatas.
Conhecidos mais tarde como “xiitas”, eles acreditam que os líderes oriundos da linhagem do Profeta são líderes aprovados por Alá e, por essa razão, teriam a capacidade de tomar as decisões políticas mais sensatas.
Por
outro lado, os sunitas – assim designados por também aderirem a
Sunna, livro biográfico de Muhammad – têm uma ação política e
religiosa mais conciliatória e pragmática. Preocupados com questões
que extrapolam o campo da religiosidade, os sunitas empreendem uma
interpretação mais flexível dos textos sagrados, estabelecendo
assim um maior diálogo com outros povos e adaptando suas crenças
com o passar do tempo.
Numericamente,
os sunitas hoje representam mais de noventa por cento da população
muçulmana espalhada pelo mundo. Na condição de minoria, os xiitas
acreditam que sua vida ascética e a adoção de princípios mais
rígidos garantiriam o retorno de Mahdi, o último descendente
direto, que seria responsável pelo retorno de um governo mais justo
e próspero. Já os sunitas acreditam que os livros sagrados (Alcorão
e Suna) e a discussão entre os irmãos sejam suficientes para a
promoção de um bom governo.
As
doutrinas religiosas dos Alauítas permaneceram durante muito tempo
desconhecidas, até que no século
XIX alguns
ocidentais conseguiram conhecer alguns dos textos da religião, até
então guardados propositadamente em segredo.
O
elemento central da doutrina dos Alauítas apesar de ser erroneamente
divulgada, é a crença em um único Deus, Allah,
sendo Muhammad, o seu último profeta
Os
Alauítas tem celebrações principais como o Adha,
Intenção de Sacrifício do
Profeta Ismael (filho
do Profeta Abraão ou Ibrahim, para os muçulmanos) e o Ramadan (mês
de jejum).
Como
seguem o calendário islâmico
da Hégira,
também seguem o calendário
Juliano,
com 13 dias a menos do que o Gregoriano. Desta maneira consideram
o Natal,
simbolicamente como o nascimento de Jesus,
filho de Maria,
comemorado no dia 6 de Janeiro de cada ano, tido como dia dos Reis
Magos,
ocidental.
Seguem
a Sharia, ou lei islâmica e como tal estão sujeitos a determinadas
práticas do islão ortodoxo, como as interdições alimentares.
Consideram seis
pilares do Islã fazem
parte da sua doutrina, são respeitados como as demais seitas dos
Islam. Além dos cinco pilares do Islã, conceituados pela grande
maioria das seitas muçulmanas, os alauítas possuem mais uma
o jihad.
Atualmente,
o principal líder que representa os alauitas, é o presidente
Bashaar Assad, da Síria.
O Sufismo
é conhecida como a corrente mística e
contemplativa do Islã. Os praticantes do sufismo, conhecidos como
sufis ou sufistas, procuram desenvolver uma relação íntima, direta
e contínua com Deus, utilizando-se, dentre outras técnicas, da
prática de cânticos, música e dança, o que é considerado prática
ilegal pela sharia de
vários países muçulmanos.
O
termo sufismo é
utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As
ordens sufis (Tariqas)
podem estar associadas ao Islã sunita,
Islã xiita,
a uma combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O
pensamento sufi se fortaleceu no Oriente Médio, no século
VIII e hoje encontra-se por todo o mundo. Entretanto sua origem
é atemporal. Na Indonésia, assim como muitos outros países da
Ásia, Oriente Médio e África, o Islamismo foi introduzido através
das ordens sufis.
De
acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo
é considerado como um movimento herético, tendo sido, por isso,
perseguido inúmeras vezes ao longo da história.
OS DERVIXES
O termo dervixe (mendigo, mendicante) tem origem na língua persa e se refere a um muçulmano asceta (praticante da renúncia do prazer e satisfação de algumas necessidades primárias, com o fim de atingir a iluminação espiritual) do segmento sufista (de tendência exotérica e mística) do islã.
Acredita-se que a prática surgiu como uma reação ao afastamento da mensagem original da religião, frente à corrupção e sede de poder e riqueza que se multiplicava entre as classes dirigentes. Comparativamente, os dervixes se assemelham aos frades mendicantes do catolicismo e aos sadhus do hinduísmo. Este tipo de muçulmano esotérico está presente na região dos Bálcãs, Turquia, norte da África, Sudão, Somália, Irã, Paquistão, Índia e Afeganistão.
Os dervixes são conhecidos por sua extrema pobreza e comportamento austero, pois realizaram um voto de pobreza. São proibidos de mendicarem para si próprios, e o que recebem é destinado a outros pobres. Alguns, porém, como os dervixes qadiria, do Egito, realizam trabalho comunal como pescadores. Grupos mais ortodoxos do islã entendem que a prática dos dervixes é herética, geralmente citando “hadiths” (notas orais do profeta) tratando da “bid’a” (inovações no culto). Diversos grupos e subgrupos cantam versos do Alcorão, tocam instrumentos de percussão e dançam em grupos, vigorosamente, de acordo com as suas tradições específicas. Alguns, por outro lado, praticam a meditação tranquila, como é o caso da maioria das ordens sufis no Sul da Ásia. Cada fraternidade ou grupo utiliza a sua própria vestimenta e adota métodos próprios de iniciação, alguns dos quais podem ser bastante rigorosos. Além do Alcorão e demais textos convencionais do islã, os dervixes são influenciados pelos textos do místico persa Rumi (Jalāl ad-Dīn Muhammad Balkhī).
O fundador de uma ordem recebe o nome de “pir”, e é aquele a quem o sufismo atribui o ápice do desenvolvimento espiritual, atingindo tamanho grau de fusão com o Criador que conseguiu atingir o êxtase, ou seja, um estado de consciência ampliada. Os sufis chamam tal estado de “morte antes de morte”, o que permite ao indivíduo voltar e cumprir a missão de guiar as pessoas através dos estágios de ampliação da consciência.
O faquir é um tipo de dervixe, encontrado especialmente no sul da Ásia. Outro tipo bastante conhecido de dervixe é o chamado “rodopiante”, pertencente à ordem mevlevi, localizada na Turquia, famoso pelo ritual Sema, onde, em meio a uma melodia hipnótica de forte percussão, iniciam uma dança na qual rodopiam até atingir o êxtase espiritual, algo parecido ao experimentado nas cerimônias do candomblé no Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário