A FANTÁSTICA HISTÓRIA DE VITÓRIA WOODHULL
Guga Chacra
Estado de São Paulo - 28/07/2016
Vitória Woodhull
Hillary Clinton será a primeira mulher candidata de um grande
partido a presidente dos Estados Unidos. Isto é, a primeira a concorrer para a
Presidência pelo partido Democrata ou Republicano. Mas outras mulheres já
disputaram a Casa Branca no passado.
A primeira
delas foi Victoria California Woodhull, em 1872. Na época, mulheres não podiam
votar nos EUA. E o objetivo dela era justamente que as mulheres tivessem os
mesmos direitos dos homens, incluindo o voto. Tanto que ela criou e concorreu
pelo Partido dos Direitos Iguais. Seu vice foi o ex-escravo e abolicionista
Frederick Douglas, embora este nunca tenha aceitado concorrer ao cargo.
Frederick Douglas
Victoria, na
época, tinha só 34 anos. Teria 35, idade mínima para ocupar a Presidência, no
dia da posse. No dia da eleição, não pôde votar. Primeiro, por ser mulher. Em
segundo lugar, por ter sido presa ao chamar um pastor de adúltero hipócrita
quando este a chamou de indecente. Ficou um mês na cadeia.
Não há
registros de quantos votos ela teve. Certamente, não teve nenhum no Colégio
Eleitoral. Mas deixou sua marca. Mais impressionante é o restante da sua
história. Seu pai era um criminoso trapaceiro em Ohio. Sua mãe era analfabeta.
Ela, que era a sétima de dez irmãos, estudou por apenas três anos e, aos 15,
foi obrigada a se casar com um médico charlatão bêbado. Um dos seus filhos
nasceu com deficiência mental. Posteriormente, se divorciou e casou com um
coronel. Foi morar em Nova York.
Sua irmã
teve como amante o magnata Cornelius Vanderbilt. Junto com ela, Victoria foi a
primeira corretora de valores em Wall Street. Ambas abriram um fundo e operavam
na Bolsa de Valores. Foram chamadas pelo New York Herald de “rainhas das
finanças”. Também foi a primeira mulher a fundar um jornal. Vitoria também
defendia o direito ao divórcio e pregava a liberdade sexual e casamentos entre
negros e brancos ou de judeus e cristãos. Era defensora ainda do vegetarianismo
e do uso de minissaias.
Morreu aos
88 anos na Inglaterra, onde vivia e havia se casado pela terceira vez, agora
com um banqueiro. Nunca pôde votar para presidente dos EUA. Afinal, o direito
ao voto para as mulheres demorou mais meio século depois de sua candidatura.
Eu descobri
a história dela hoje e fiquei encantado.