Estado palestino interessa aos EUA e a Israel
27 de novembro de 2012 | 2h 06
Análise: Yossi Beilin / NYT - O Estado de S.Paulo
O cessar-fogo que pôs fim à recente explosão de violência entre Israel e os palestinos aumentou a popularidade do Hamas. A organização extremista tornou-se a única interlocutora do mundo árabe para o Ocidente e indiretamente para Israel. Mas o Hamas recusa-se a reconhecer a existência de Israel. Por outro lado, a pragmática Autoridade Palestina, dirigida pela Fatah de Mahmoud Abbas, vem perdendo legitimidade e os ataques de Israel contra Gaza a enfraquecerão ainda mais. Negociar com o Hamas pode garantir uma certa tranquilidade, mas o grupo não pode ser um parceiro para a paz. Se o mundo apoiar a facção palestina que reconhece Israel, evitará a violência. A comunidade internacional terá essa oportunidade depois de amanhã, quando Mahmoud Abbas apresentará seu pedido para o reconhecimento de um Estado palestino na ONU. Se EUA e Israel continuarem a se opor, será um golpe mortal para Abbas e acabarão premiando o Hamas.
Nesta semana faz 65 anos, exatamente na quinta-feira, que os palestinos e seus amigos no mundo árabe rejeitaram expressamente a Resolução 181 da Assembleia-Geral da ONU que reconhecia a necessidade de criar um Estado judaico ao lado de um Estado árabe na Palestina sob Mandato Britânico.
Agora os palestinos admitem seu erro e pedem à mesma assembleia para reconhecer um Estado palestino ao lado de Israel, requerendo que as fronteiras do seu Estado sejam determinadas com base em negociações com os israelenses. Entretanto, os partidos de direita em Israel - que em 1993 rejeitaram os Acordos de Oslo, que previam a retirada israelense de áreas da Cisjordânia e Faixa de Gaza e uma autonomia palestina sobre essas áreas - estão agora usando e abusando desses acordos para impedir o reconhecimento de um Estado palestino.
Há quatro anos não há negociações adequadas. E como Abbas se atém aos princípios da não violência, a via diplomática, como a busca do reconhecimento do Estado, essa é a única maneira de colocar os palestinos de novo na agenda global. Além disso, Abbas esclareceu que se a ONU decidir pelo reconhecimento do Estado palestino, ele concordará em negociar com o governo de Israel sem precondições, o que é interessante para os EUA e Israel. A diferença é que as negociações seriam mantidas entre dois Estados reconhecidos internacionalmente. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É EX-NEGOCIADOR ISRAELENSE
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Netanyahu responde em vídeo a tentativa de palestinos de buscar reconhecimento na ONU
TEL-AVIV – O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, publicou em sua página no Facebook um vídeo em que procura dar uma resposta à busca dos palestinos pelo reconhecimento na ONU, assunto que será votado nesta quinta-feira, 29, na Assembleia-Geral. Israel, bem como os Estados Unidos, se opõe ao pedido palestino.
“Israel está preparado para viver em paz com um Estado palestino, mas para a paz durar, a segurança de Israel deve ser assegurada”, afirma Netanyahu, no vídeo. Segundo o premiê, “os palestinos devem reconhecer o Estado judeu e devem estar preparados para acabar com o conflito com Israel de uma vez por todas”.
Ao se referir ao plano palestino, Netanyahu diz que “nenhum desses interesses vitais para a paz aparece na resolução que será apresentada diante da Assembleia-Geral hoje”. Em seguida, justifica: “É por isso que Israel não pode aceitar isso (o pedido)”. Israel tem defendido que a “única maneira de alcançar a paz é por meio de acordos que serão alcançados por meio de negociações, e não através de resoluções da ONU”, algo que o premiê também afirma no discurso.
Na opinião de Netanyahu, “esta resolução é tão unilateral, que em vez de avançar a paz, ela a empurra para trás”. Assista ao vídeo, em inglês (o texto continua logo abaixo):